PF: agro pressionou Bolsonaro para tomar 'medida mais pesada', diz Cid
Em mensagens reveladas pela Polícia Federal, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro afirma que setor do agronegócio queria que o ex-presidente fosse mais incisivo
PF: agro pressionou Bolsonaro para tomar 'medida mais pesada', diz Cid
iG Último Segundo
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, revelou em mensagens que o então presidente era pressionado pelo setor ligado ao agronegócio para 'tomar medidas mais pesadas' na suposta tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.
No relatório da Polícia Federal sobre a operação Tempus Veritatis
, há a transcrição de áudio da conversa entre Mauro Cid e o general Freire Gomes, ex-comandante do Exército.
Em um dos áudios encaminhados por Cid a Gomes, no dia 9 de dezembro de 2022, ele afirma que Bolsonaro estava sendo "pressionado" para tomar medidas mais pesadas "utilizando as forças".
"O presidente vem sendo pressionado aí por vários atores a tomar uma medida mais radical, mas ele ainda está naquela linha do que foi discutido, que foi conversado com os comandantes e com o ministro da defesa", diz a parte inicial da fala de Cid.
Cid continua: "Ele (Bolsonaro) entende as consequências do que pode acontecer e hoje ele mexeu naquele decreto, né? Ele reduziu bastante, fez algo muito mais direto. O objetivo é curto e limitado, né? E acho que a ideia de falar com General Theopihilo é conversar como ele, ele está muito preso no Alvorada, então, é uma maneira de ele desabafar e falar um pouco o que ele está pensando".
Em outro áudio, Cid diz que "a pressão que ele recebe é de todo mundo. Ele está...é cara do agro, são alguns deputados, né?".
De acordo com a decisão assinada por Moraes, em 16 de novembro de 2022 Cid enviou uma mensagem de áudio, "possivelmente para o General FRIERE GOMES, pelo aplicativo UNA, em que cita o financiamento das manifestações em Brasília, por empresários do 'Agro'".
Na decisão que autorizou a operação desta quinta-feira (8), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirma que o diálogo entre Cid e Gomes "sinalizam que o então presidente Jair Bolsonaro estava redigindo e ajustando o Decreto e já buscando o respaldo do general Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira", "tudo a demonstrar que atos executórios para um golpe de Estado estavam em andamento".