Mourão ao lado de Bolsonaro durante a cerimônia do hasteamento da Bandeia
Marcos Corrêa/PR
Mourão ao lado de Bolsonaro durante a cerimônia do hasteamento da Bandeia

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro teve a companhia de militares do governo ao participar dos atos deste 7 de Setembro em Brasília. Até mesmo o vice-presidente, Hamilton Mourão , com quem ele mantém uma relação cada vez mais distante, compareceu ao evento, onde foram vistas faixas com pedidos de ações antidemocráticas, como intervenção no Judiciário e Legislativo.

Ele esteve ao lado de Bolsonaro durante a cerimônia de hasteamento da bandeira nacional, no Palácio Alvorada, e depois o acompanhou à Esplanada dos Ministérios e subiu no caminhão de onde o presidente discursou e fez intimidações ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Já os ministros responsáveis pela articulação política, Ciro Nogueira (Casa Civil) e Flávia Arruda (Secretaria de Governo) foram embora do Alvorada após o hasteamento da bandeira. Com o agravamento da crise com o Judiciário, os dois têm tentando atuar para distensionar a relação com os ministros do Supremo. Até agora não obtiveram êxito, porém.

Questionado pelo GLOBO por que decidiu ir o ato, o vice-presidente justificou, por mensagem de texto: “Noblesse oblige”. A expressão em francês significa “a nobreza obriga” e é utilizada para explicar que ocupantes de certos postos precisam se comportar de determinada maneira em algumas situações.

Bolsonaro e Mourão vivem uma crise permanente desde o início do governo. Conforme O GLOBO revelou no mês passado, o presidente se sentiu traído ao saber que seu vice havia se encontrado num compromisso fora da agenda com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Barroso, um dos alvos preferenciais de Bolsonaro nos últimos tempos. Já Mourão, no ápice da sua insatisfação, chegou a dizer para o presidente no final do ano passado que estaria disposto a renunciar ao cargo.

Ao lado dos ministros-generais Walter Braga Netto (Defesa), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) no palco, Bolsonaro tentou pressionar o presidente do STF, ministro Luiz Fux.

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"Não mais aceitaremos qualquer medida, qualquer ação ou sentença que venha de fora das quatro linhas da Constituição. Também não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos três Poderes continue barbarizando a nossa população. Ou chefe desse poder enquadra o seu ou esse Poder pode sofrer aquilo que não queremos", disse.

Também estiveram nos atos os ministros Anderson Torres (Justiça), Fábio Faria (Comunicações), Gilson Machado (Turismo), João Roma (Cidadania), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e Onyx Lorenzoni (Trabalho). No final de semana, o presidente, em evento da direita em Brasília, convocou os 23 ministros.

Sobrevoo de helicóptero

Após o encerramento da cerimônia de hasteamento da bandeira no Palácio do Alvorada, Bolsonaro seguiu de helicóptero para a Esplanada dos Ministérios e sobrevoou o evento organizado por seus apoiadores. O ministro da Defesa estava ao lado do presidente. No helicóptero, também estavam o filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), e o senador Marcos Rogério (DEM-RO). As imagens foram transmitidas pelas redes sociais de Eduardo.

O deputado Hélio Lopes (PSL-SP) também transmitiu o sobrevoo ao vivo de outra aeronave, em que estavam o ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), João Roma (Cidadania) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência).

Não é a primeira vez que Braga Netto participa de uma manifestação política ao lado de Bolsonaro. A presença é alvo de críticas por parte de militares da ativa.

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