Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) renovar as ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF) durante os atos deste 7 de setembro , o presidente do PSDB, Bruno Araújo, decidiu convocar reunião da Executiva nacional do partido para discutir o apoio à eventual abertura de impeachment de chefe do Executivo. Será a segunda sigla de centro a se mostrar disposta a encampar um dos pedidos de afastamento do presidente da República.
Em nota, Bruno Araújo considerou como "gravíssimas" as declarações de Bolsonaro. Durante o discurso, Bolsonaro voltou a adotar tom de intimidação e mandar recados ao STF. Sem citar nomes, ele afirmo que "uma pessoa específica" da Praça dos Três Poderes, onde fica a sede da Corte, não pode continuar "barbarizando”. Nos últimos dias, Bolsonaro tem direcionado seus ataques ao ministro do tribunal Alexandre de Moraes, relator de duas investigações envolvendo o presidente.
"Não mais aceitaremos qualquer medida, qualquer ação ou sentença que venha de fora das quatro linhas da Constituição. Também não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos três Poderes continue barbarizando a nossa população. Ou chefe desse poder enquadra o seu ou esse Poder pode sofrer aquilo que não queremos", disse Bolsonaro, que tem criticado membros do Poder Judiciário, chefiado pelo ministro Luiz Fux, presidente do STF.
Para o presidente do PSDB, os partidos precisam se posicionar sobre "o vergonhoso momento da história brasileira".
"Com as declarações de hoje, não dá para partido político se esconder. Tem de haver posição clara do que pensa e como age cada partido em relação a esse vergonhoso momento da história brasileira", afirmou Brano Araújo.
O pedido de impeachment deve receber apoio de de importantes nomes do PSDB, como o governador de São Paulo, João Doria, que faz oposição ao governo federal, e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Porém, reservadamente, dirigentes da legenda admitem que o impedimento de Bolsonaro pode sofrer resistência dentro do Congresso, já que parte dos 33 deputados temem sofrer represália na liberação de emendas.
Nesta semana, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, também disse que se a escalada do presidente contra a democracia continuar, o partido pode vir a apoiar o pedido de impeachment. Kassab considera inadmissível que, no meio de uma pandemia, o presidente gaste seu tempo, o de ministros e assessores, e recursos públicos participando de motociatas e ameaçando a democracia, mais de 30 anos depois da promulgação da Constituição Federal.