A estudante Débora Mello Saraiva, de 34 anos, ex-namorada e amante do médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior , o Dr. Jairinho (sem partido), disse que ela foi agredida e seu filho, torturado pelo parlamentar. As declarações foram dadas no programa “Cidade Alerta”, da Record , nesta quinta-feira, dia 15, e vão de encontro ao depoimento prestado pela moça, na 16ª DP (Barra da Tijuca), no dia 22 de março. Ela será ouvida novamente na delegacia no inquérito que apura a morte do enteado do vereador Henry Borel Medeiros, de 4 anos.
“Eu não disse (na delegacia) que era agredida . Preferi não dizer para me proteger . Apesar de estar aliviada por ter falado eu sei que posso contribuir falando isso. Mas continuo sentido medo , não sei o que pode acontecer e o que ele pode fazer. Ele é influente , eu tenho medo. Eu não aguentava mais segurar isso, todo mundo falando, me procurando. Fiquei pensando , daqui a pouco vão falar que eu fui omissa , como estão falando da Monique. Eu nunca deixei de proteger meus filhos”, contou, na entrevista.
Na distrital , Débora relatou que durante o relacionamento com o parlamentar, iniciado em 2014, eles tiveram “algumas brigas , mas só rolava xingamentos nunca teve nenhum tipo de agressão física”. Ela disse que, às 11h46 do dia 8 de março - seis horas e quatro minutos após atestada a morte de Henry, eles conversaram “como se nada tivesse acontecido”. Em depoimento, ela afirmou que o parlamentar lhe enviou mensagens para saber sobre o resultado de seu antibiograma , um exame laboratorial que a moça realizaria depois de se queixar de ardência ao urinar.
De acordo com o termo de declaração da estudante, Jairinho teria escrito no WhatsApp : “Preciso saber o que deu no antibiograma . Tem que tratar, tem que tratar”. Ao responder que não fez o exame, a mulher foi repreendida por ele: “Que loucura é essa?”. A estudante disse que, em momento algum, o amante comentou sobre o ocorrido com Henry, de 4 anos, e que ela ficou sabendo do falecimento do menino por amigos em comum e, depois, pela imprensa . O corpo do menino foi liberado do Hospital Barra D’Or para o Instituto Médico Legal (IML) por volta de 13h.
Ao ser intimada para depor, no dia 20, a mulher contou ter ligado para a irmã de Jairinho, tendo o próprio posteriormente retornado o telefonema. Ela disse que o vereador a orientou a “ ficar tranquila ”, pois apenas teria que relatar como fora o relacionamento dos dois e se ele era agressivo. Ela reiterou que ele continuou sem falar sobre o falecimento do enteado tampouco sobre como “ se sentia ”.
À Record, Débora afirmou que foi agredida “várias vezes” ao longo dos anos que ficaram juntos. Em depoimento, ela negou qualquer violência. "Ele me agrediu várias vezes. Quando ele viu que eu tinha mexido no celular dele e falou que ia sumir comigo e jogar a bolsa em algum lugar que tinha sido um assalto e ia falar com a minha mãe. Ele veio no pescoço ficou em cima de mim. Ou eu brigava com ele porque não tinha força ou tentava falar. Eu falava que não conseguia respirar. Do nada ele mudou a cara falou; 'Vamos dormir’”.
"Nas outras ocasiões ele me deu um chute , quebrou meu dedo do pé ao meio. Em outra ocasião ele tinha que olhar meu celular sempre. Ele ficou com raiva , me deu um mata-leão . Eu tentava fugir . Ele me puxou pelo pescoço. Eu caí pelo canteiro, foi me arrastando e me deu três mordidas na cabeça muito forte. No dia seguinte agiu como se nada tivesse acontecido”, disse.
A mulher diz ter começado a namorar Jairinho quando assessorava uma vereadora e pediu afastamento do cargo. Ela diz ter ficado com ele durante seis anos , entre idas e vindas, já que na época o parlamentar também era casado com a dentista Ana Carolina Ferreira Netto, mãe de dois dos seus três filhos. Segundo a testemunha, ela terminou com Jairinho em outubro de 2020, depois de descobrir pelo Instagram que ele estava com Monique. Eles voltaram a ter contato em dezembro, voltando a se encontrar e a falar por mensagens e telefone frequentemente.
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Questionada porque não registrou um boletim de ocorrência contra Jairinho, Débora afirma que ele “é influente ” e temia que algo pior pudesse acontecer com ela e os filhos.
Foi dopada e o filho agredido
“O Enzo me contou esses dias que ele uma vez estava no apartamento e eles acordaram para beber água e ele tava acordado, o Jairinho estava acordado e ele pegou água para os dois, deu um para a Clara (filha dela, então com 6 anos) e ele falou: ‘Clara, vai dormir que eu vou cuidar dele’. A Clara ainda insistiu para ela levá-lo e ele falou assim: 'não, pode ir' e a Clara foi deitar. E nisso o Enzo falou que ele colocou ele deitado no sofá, colocou papel e um pano na boca dele e falou que ele não podia engolir o papel. E ficou em pé no sofá e pisou na barriga dele com todo o peso dele. Aí eu falei: ‘mas ele tirou o pé?’ Ele falou que sim, que botou todo peso .
Aí teve uma hora que ele conseguiu sair, ele falou: "Eu consegui fugir dele e aí eu corri para você só que você não me ouvia, eu tentei te chamar e você não me ouvia". Eu falei: mas você mexeu em mim? E ele: "Mexi e você não me ouvia."
Sobre ser intimidada, Débora afirmou”: Me senti intimidada no dia que recebi uma ligação dele no dia que fui intimada . Eu liguei para a irmã dele e em seguida ele me ligou. Ele falou: ' Calma , você só tem que falar a verdade.' Eu falei: "Falar a verdade ?" A verdade é que ele era agressivo comigo, que eu tinha medo dele, já quebrou dedo do meu pé, já me mordeu. Eu desliguei na cara dele porque tinha alguém me ligando. Nisso ele começou a insistir muito. Até o delegado viu."
Questionada sobre quem é Jairinho, Débora disse: "É uma pessoa mentirosa, agressiva , uma pessoa ruim , uma pessoa falsa . Me fez muito mal, perdi seis anos da minha vida. Acho que ele tem que pagar por tudo o que ele fez. Se ele me agredia e fez essas coisas com meu filho ele é capaz de fazer com Henry também. Ele vai para cima e não mede o quanto está machucando , até onde pode chegar. E do nada ele para ."
Débora contou ainda que Jairinho a procurou certa feita e que, por medo, ela fugiu para a casa de uma amiga. "Ele entrava dentro da minha casa, eu não atendia, ele vinha sem eu saber, tentava abrir a porta. Uma vez ele conseguiu entrar, esse ano, quando minha mãe chegou ele estava dentro do meu carro mexendo nas minhas coisas. Ele foi na casa de uma amiga onde me escondi e começou a espancar a porta, chutando , puxando a maçaneta. A gente ficou escondido na cozinha achando que ele pudesse entrar . Foi em janeiro. A gente não estava junto desde outubro, quando eu descobri que ele estava com a Monique."
Débora afirmou ainda que, quando soube que Jairinho estava com Monique, ela conversou “muito com ela para falar das agressões que eu sofria dele. Ela disse que estava apavorada ."