O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) lança suspeita sobre duas reuniões, ocorridas entre o governador Wilson Witzel (PSC) e Paulo Marinho (PSDB), na véspera da entrevista concedida pelo tucano na qual afirmou que Flávio foi avisado com antecedência, por meio de vazamento de um delegado da Polícia Federal, sobre investigações envolvendo movimentações financeiras de seu ex-assessor Fabrício Queiroz.
A defesa de Flávio pedirá que a informação sobre os encontros envolvendo Witzel e Marinho, no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador, nos dias 11 e 12 de maio, quatro dias antes de a "Folha de S. Paulo" publicar a entrevista, seja anexada à investigação do Ministério Público Federal que apura o suposto vazamento.
Flávio afirma que Witzel e Marinho "combinaram" uma "versão fantasiosa" para desgastá-lo. A informação sobre as reuniões do tucano com o governador no Palácio Laranjeiras foi revelada pelo "Blog do Berta" nesta segunda-feira (1).
"O lobista Paulo Marinho deve ter combinado com Wilson Witzel a versão fantasiosa de que houve um pseudo-vazamento de operação da Polícia Federal. Fez isso com o único intuito de me desgastar, usando a instituição Ministério Público Federal para fins eleitorais. Espero que ele pague, o quanto antes, pela falsa comunicação de crime. Minha defesa pedirá que a informação dessas reuniões seja anexada aos autos", afirma Flávio Bolsonaro.
Procurado, Paulo Marinho disse que esteve com Witzel para tratar da campanha eleitoral deste ano.
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"Na condição de presidente do PSDB do Rio, estive por duas vezes com o governador Witzel tratando de assuntos referentes à campanha eleitoral. Na ocasião, o governador queria me fazer a apresentação da sua candidata à prefeitura, a ex-juíza Glória Heloíza, para uma eventual construção política. Estive com ele ainda uma terceira vez, solicitando proteção policial para mim e para minha residência", afirma Paulo Marinho.
E completa: "Ele concedeu, e a proteção ficou por 30 dias. Flávio Bolsonaro tem consciência de que tudo que declarei é a expressão da verdade. Agora, ele se aproveita de um simples registro de visita para criar narrativa de que há uma conspiração permanente contra a família Bolsonaro. A família Bolsonaro cria seus próprios problemas, ninguém precisa conspirar", diz Paulo Marinho.
O Ministério Público Federal havia determinado, para o dia 21, uma acareação entre Flávio Bolsonaro e Paulo Marinho, para que as versões de ambos sejam confrontadas. A defesa do Flávio, contudo, informou que o senador não irá comparecer.
Por ser senador, Flávio pode escolher uma data de sua preferência. Os advogados Luciana Pires e Rodrigo Rocca afirmaram ao MPF que Flávio verifica a disponibilidade de uma data em sua agenda.