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Carlos Magno
Witzel se defende de denúncia de corrupção: 'Nenhum contrato passa pela minha mão'

Afastado após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o governador afastado  Wilson Witzel disse, nesta segunda-feira, que não tinha conhecimento dos contratos da secretaria de Sáude, que são investigados por suspeita de direcionamento de licitação e contratação. Em entrevista à "CNN Brasil", Witzel criticou o Ministério Público Federal, autor da denúcia, e disse que irá provar sua inocência.

"Nenhum contrato passa pela minha mão. A forma com que o Edmar (Santos) operava era difícil de ser percebida. Ele direcionava as contratações e recebia o dinheiro em espécies e os servidores têm seus sigilos preservados. Desde o início do meu governo, minha ideia era transferir a operação das unidades de saúde das Organizações Sociais para a Fundação Saúde", afirmou.

Entretanto, somente após as denúncias de contratação irregular e o bloqueio judicial de repasses nos últimos meses que o governo do Rio anunciou que desenha um plano de transferência da administração de hospitais e UPAs para a Fundação Saúde, empresa pública do Rio.

Wilson Witzel ainda afirmou que os contratos do escritório da primeira dama Helena Witzel são legais e que irá a sua defesa irá prova não ter sido fruto de lavagem de dinheiro, como afirma a denúncia do MPF.:

"Comigo não foi encontrado dinheiro em espécie ou joias. Tudo o que está sendo questionado foi declarado no Imposto de Renda. Minha esposa está sendo acusada de receber propina, mas isso será demonstrado que se trata de trabalho efetivo, a advocacia dela não é uma advocacia que começa agora, já é antiga".

Witzel não polemizou com Claudio Castro, governador interino, que busca uma reaproximação com Jair Bolsonaro, dizendo apenas que ele está em "seu papel". Nesta quarta-feira a Corte Especial do STJ irá analisar a decisão do afastamento do governador. Witzel se diz "perplexo com a velocidade do MPF" na condução do caso:

"É muito grave afastar um governador de forma tão rápida sem eu me explicar. Qual vai ser o critério para a Corte decidir? Hoje estamos perplexos, mas acredito que o Supremo irá dar uma decisão para alinhar isso. Estou perplexo de ver a velocidade do MPF e da doutora Lindora (Araújo) para conseguir meu afastamento. Estou vendo uma velocidade acima do normal. As investigações não estão se aprofundando e estão sendo feito de forma açodada e acelerada".

Ao ser questionado de sua relação com o empresário Mario Peixoto, Witzel disse que não tem relação com o investigado:

"Tenho zero relação. O ex-secretário Lucas Tristão foi advogado dele e me pediu ano passado orientações em petições a uma das empresas dele, mas não tenho relação. Não tenho conhecimento que ele tenha influencia na indicação dos secretário. O Léo Rodrigues foi indicado pelo Flávio Bolsonaro, em um acordo que fizemos para os partidos participarem do governo. O Gutemberg Fonseca também foi indicação do partido, que agora está na prefeitura".

Após a entrevista, o senador Flávio Bolsonaro publicou em uma rede social que não indicou os dois nomes, mas apenas disse que a decisão para ambos aceitaram o cargo eram dos própios. Procurado pelo GLOBO, Witzel afirmou que não comentará as declarações do senador.

Disputa eleitoral com Bolsonaro

Questionado sobre o sonho de ser Presidente da Pepública, que foi explicitado no começo do mandato, Witzel disse que é normal, na política, pensar no próximo passo. Citou que governadores que têm êxito na gestão costumam se candidatar a outros cargos, como de senador e até Presidente da República. No entanto, negou que tivesse intenção de disputar com Jair Bolsonaro a eleição de 2022.

"Eu já tinha falado diversas vezes ao presidente Bolsonaro que não disputaria eleição com ele em hipótese alguma. Isso nunca, da minha parte, foi falado", garantiu.

"Fiz uma viagem com ele à Argentina, nós conversamos bastante e eu disse que estaria à disposição dele para ser a base do governo", declarou.

Witzel lembrou ainda que foi eleito sob a mesma bandeira de Bolsonaro que o objetivo era formar uma base de apoio ao Governo Federal no Rio. Também rechaçou as acusações feitas pelo presidente de que estaria usando o Ministério Público do Rio de Janeiro para prejudicá-lo.

"Infelizmente, o presidente fez algumas acusações contra mim, dizendo que eu queria prejudicar a família dele. Eu desmenti, disse que jamais faria tal coisa, como jamais farei. Prejudicar quem quer que seja. Eu não manipulo o Ministério Público, eu não manipulo a Polícia Civil".

A entrevista seguiu com uma pergunta sobre a delação de Edmar Santos e repasse de R$ 15 mil ao Pastor Everaldo. Witzel se defendeu, alegando desconhecer os fatos, e passou a atacar o ex-secretário de Saúde, que estaria desesperado para se livrar das acusações

"Infelizmente é uma pessoa que deve ter algum problema mental. Pra fazer o que ele fez, na qualidade de médico, no meio de uma pandemia, deve ter sérios problemas mentais".

Em seguida, o governador afastado foi questionado anotações e um dossiê encontrados no gabinete que ocupava no Palácio Guanabara e disse não saber do que se tratavam.

"Não sei do que se trata. Foi apreendido onde?", perguntou. "Provavelmente, era algum estudo que eu estava fazendo para dar alguma palestra. Não me recordo. Mas desconheço, não estava lá presente", disse Witzel, antes de minimizar os procedimentos de busca e apreensão realizados contra ele e a mulher, Helena.

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