O relaxamento do isolamento social em uma cidade tão afetada pela Covid-19 quanto São Paulo deveria fazer a doença disparar. Mas a ocupação de leitos hospitalares continuou apresentando queda entre o fim de junho e a primeira quinzena de julho, causando dúvidas sobre o real andamento da doença. Alguns especialistas falam sobre imunidade coletiva, mas o grupo interdisciplinar Ação Covd-19 identificou outro motivo: bolhas de proteção.
Segundo a Ação Covid-19 , as bolhas de proteção se formam quando partes da população estão expostas ao vírus, mas não convivem intensamente com grupos que não sofreram a exposição. Essa comunicação baixa mantém os infectados em contato com pessoas que já estão imunes, ou que também estão infectadas. Dessa forma, a velocidade de alastramento da doença é reduzida.
Para a pesquisadora Patrícia Magalhães, da Universidade de Bristol, na Inglaterra, as bolhas de proteção apresentam um equilíbrio instável. “A porcentagem de pessoas suscetíveis ainda é muito alta”, alerta a especialista, uma vez que estudos sorológicos apontam que apenas 14% da população da capital paulista se infectou com o novo coronavírus (Sars-CoV-2).
De acordo com a Ação Covid-19, se muitos indivíduos contaminados pelo novo coronavírus fossem reintroduzidos na cidade de São Paulo com um relaxamento ainda maior, o número de casos voltaria a subir. “É difícil prever, e com isso, evitar novas ondas de infecção em Sâo Paulo se não houver uma política massiva de testes”, diz José Paulo Guedes Pinto, da Universidade Federal do ABC.