Depois da entrevista coletiva, às 18h, daquele 9 de novembro de 1989, um dos fatos históricos mais importantes da humanidade aconteceu: a queda do Muro de Berlim. Foi o início de uma nova era em que alemães orientais deixaram de ser proibidos de sair do lado comunista. Em busca de liberdade, alguns chegaram a morrer.
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Sim, porque depois que o muro foi construído, começaram as tentativas de fuga. Havia quem tentasse pular em meio ao arame farpado, ou se arriscar a cruzar o rio Spree, bem como escalar prédios próximos para ser resgatado do outro lado. Além disso, escavaram túneis para escapar, um deles feito a partir da ideia de um grupo de estudantes.
Os relatos históricos dão conta de que, pelo menos, 140 pessoas foram mortas no muro antes dele ser derrubado, há 30 anos. A primeira morte foi a de Ida Siekmann, em 22 de agosto de 1961. Ela quis pular em direção à liberdade, na Bernauer Strasse, a partir do terceiro andar.
O início da destruição do muro foi uma festa em que as pessoas começavam a escalar a construção para derrubá-la. Outras, cantavam e dançavam lá do alto, comemorando o fim do regime autoritário e que significou a abertura da Alemanha ao capitalismo, deixando de submeter à União Soviética .
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Mas mesmo depois de reunificada, a Alemanha continua com feridas abertas, em busca de respostas. Há relatos de alemães que temem a volta do nacionalismo, que pode abalar a democracia. Portanto, ainda existem desafios a serem enfrentados em busca da tolerância, diversidade e liberdade.
A construção do Muro do Berlim
A construção do muro implicou uma descomunal logística que não passou despercebida pela espionagem ocidental, como evidenciam documentos que datam de 1961 e foram revelados recentemente.
Em meio a suspeitas, em agosto daquele ano, o chefe de Estado da Alemanha comunista Walter Ulbricht afirmava que ninguém tinha a intenção de construir um muro. Hoje, cinco décadas mais tarde, historiadores se perguntam o que estava por trás da declaração de Ulbricht, feita um mês e meio antes de Berlim amanhecer dividida.
Que a Alemanha comunista pretendia "garantir" a fronteira era sabido, assim como também era que a divisão entre os setores leste e oeste de Berlim era o principal corredor para fugir à Alemanha capitalista.
Desde 1945, 3,5 milhões de cidadãos germânico-orientais haviam deixado a RDA em direção à República Federal da Alemanha (RFA). Nos primeiros seis meses de 1961, o número de foragidos chegava a 200 mil.
Enquanto Ulbricht pronunciava seu desmentido, nos arredores de Berlim se armazenavam quilômetros de aramados fabricados em ritmo vertiginoso, toneladas de blocos de concreto, tijolos e cimento, como documentou uma reportagem da rede de televisão pública ARD transmitida nos últimos dias.
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Até a queda do Muro de Berlim há várias histórias e detalhes como a que milhares de soldados das forças de segurança da RDA levavam semanas treinando para operações que começaram apenas no dia 13 de agosto com o fechamento das estações de metrô e das ferrovias.