O Tribunal Federal de Cassação Penal da Argentina reabriu dois casos contra a vice-presidente do país, Cristina Fernández Kirchner . As decisões revogam o arquivamento dos casos do Memorando de Entendimento com o Irã e o caso conhecido como “Hotesur-Los Sauces”.
Kirchner foi acusada de estar supostamente ligada ao acobertamento dos responsáveis do atentado com o carro-bomba contra a sede da Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), em 1994. Na época, 85 pessoas morreram e 300 pessoas ficaram feridas. A vice-presidente negociou com a Irã a impunidade dos foragidos iranianos, visando liberar os acusados. A acusação foi apresentada em 2015, pelo promotor Alberto Nisman, que apareceu morto em sua residência quatro dias após a apresentação.
Já no caso de Hotesur-Los Sauces, a vice-presidente é uma das acusadas de cometer os crimes de lavagem de dinheiro, associação criminosa e negociações incompatíveis com o de um servidor público. As ações estão ligadas a manobras de corrupção por meio de negócios de hotelaria e no ramo imobiliário, sendo ligada a família Kirchner.
Além de Cristina, o seu filho, Máximo, foi incluído no caso. Ele é atualmente deputado nacional pela província de Buenos Aires. A sua filha, Florencia Kirchner, também foi incluída, mas teve seu nome retirado na decisão da última segunda-feira.
Neste caso, a investigação diz que a família Kirchner teria recebido dinheiro das rendas de dois empresários, ambos empreiteiros de obras públicas. Eles pagariam para as empresas Hotesur e Los Sauces para conseguir se beneficiar em licitações e contratos adjudicados pelas autoridades governamentais argentinas.
Cristina Kirchner foi presidente da Argentina entre 2007 e 2015, atuando em dois mandatos consecutivos. Em ambos os casos, ela conseguiu manter a inocência.
Na época em que o caso do acordo com o Irã foi arquivado, o advogado da vice-presidente disse que o processo movido era "injusto". "Depois de cinco anos de um processo injusto onde muitos consortes da causa perderam a liberdade, muitos perderam a saúde e muitos foram apedrejados e difamados em sua honra, como Cristina que foi até tachada de traidora do país por esta causa”, disse ele em outubro de 2021.