O presidente Jair Bolsonaro se encontrou, nesta terça-feira (2), na Itália, com o único dirigente da política nacional italiana que o apoia, o senador Matteo Salvini, líder da Liga, partido de ultradireita. O evento ocorreu em Pistoia, na Toscana, onde há um momento em homenagem aos 462 brasileiros mortos na Segunda Guerra Mundial.
Bolsonaro deixou uma coroa de flores no túmulo do soldado desconhecido e fez um rápido discurso em que se disse “honrado” por pisar pela primeira vez em solo italiano. "Ouso dizer que, mais importante que a vida, é a nossa liberdade", disse.
Matteo Salvini recepcionou a chegada de Bolsonaro ao monumento. Aos jornalistas, pediu desculpas pelos protestos contra o presidente vistos na segunda-feira.
"Trata-se de uma polêmica incrível, feita até na comemoração dos mortos que perderam a vida para defender nosso país e liberá-lo do nazi-fascismo. É um presidente que foi eleito, de uma república amiga, que veio recordar os soldados. Me desculpo em nome das instituições italianas", afirmou Salvini.
Apesar da declaração, o político se notabilizou no seu país pela postura fria em relação às comemorações nacionais para recordar a liberação da Itália do nazifascismo.
O evento em Pistoia — onde também houve manifestação contra o brasileiro — foi o último da agenda oficial de Bolsonaro em sua viagem de cinco dias à Itália. Ele retorna para o Brasil na tarde desta terça.
Em razão da imagem negativa de Bolsonaro, isolado durante o G-20, a presença de Salvini no evento causou incômodo inclusive entre os partidos da direita italiana. Salvini é o político italiano que mais se assemelha à estética e às práticas bolsonaristas: crítico da mídia e anti-imigração, ele já polemizou até com o Papa Francisco.
Em 2019, Salvini forçou uma ruptura no parlamento italiano, tentando derrubar o governo que integrava para que novas eleições fossem convocadas e ele se tornasse o novo primeiro-ministro. Hoje, apesar de seu partido integrar a ampla coalizão que sustenta o governo de Mario Draghi, Salvini age como um oposicionista.
Brasil na Segunda Guerra Mundial
Mais de mil soldados da Força Expedicionária Brasileira (FEB) foram enviados para a Itália durante a Segunda Guerra. Morreram 465, mas os restos de dois militares nunca foram encontrados. Nos anos 1960, os corpos dos 462 brasileiros enterrados em Pistóia foram levados para o Brasil, permanecendo apenas um deles, o soldado desconhecido.