Ratos em rua no centro de Porto Alegre
Reprodução X
Ratos em rua no centro de Porto Alegre

Moradores de Porto Alegre registram em vídeos (abaixo) uma infestação de baratas e ratos após o alagamento da cidade devido às  fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde a semana passada.

Segundo relatos, os animais estariam deixando o subsolo inundado para buscar abrigo em locais secos.

As ruas do centro são os endereços mais afetados. Imagens divulgadas nas redes sociais mostram a aglomeração das pragas. Em uma delas, ratos estão ilhados na entrada de um edifício. Em outra, baratas aparecem rodeadas por água sobre um pedaço de concreto. Veja:


O Mercado Público, fechado devido aos temporais, também registrou a presença dos insetos. Baratas foram vistas em ruas como a Siqueira Campos e a Mauá, próximas ao cais de Porto Alegre.

Riscos

Casas e apartamentos também estariam sendo invadidos pelos bichos. Os porto-alegrenses disseram estar amedrontados com a possibilidade de contrair doenças.

"O rato, por exemplo, transmite a leptospirose, que ocorre quando a urina do animal entra em contato com o ser humano. Geralmente é benigna, mas pode evoluir a casos mais graves e até a morte. Já as baratas podem carregar agentes bacterianos, que trazem riscos de contaminação às pessoas", alerta Abdon Karhawi, médico infectologista e professor de medicina da Unic.

O médico aponta ainda que o problema de saúde pública vai muito além das doenças transmitidas por animais, já que a água da enchente invade também a rede de esgoto e entra em contato com dejetos humanos, podendo contaminar alimentos e pessoas, seja pela via cutânea ou oral, causando doenças como ascaris, estrongiloidíase e giardíase, entre outras.

Karhawi recomenda que o contato com a água seja evitado ao máximo, apesar de ser difícil em uma situação de catástrofe como essa. A própria  Defesa Civil do Rio Grande do Sul orienta as pessoas que deixaram suas casas a não retornarem enquanto as áreas não forem seguras.

Já no quesito governamental, o médico afirma que a prioridade da administração pública deve ser retirar as pessoas de áreas de risco e prestar atendimento médico adequado. "Além disso, tomar as atitudes para diminuir a incidência de tragédias como esta", finaliza.

A Prefeitura de Porto Alegre não respondeu aos questionamentos da reportagem.

Nível do Guaíba

O rio Guaíba, que banha a região metropolitana de Porto Alegre , atingiu a marca de 5,33 metros no último sábado (5), o maior nível já registrado na história. A medição realizada às 6h na quarta-feira (8) indicava 5,14 metros. Nesta quinta (9), o nível desceu para 5,04 metros, constatando uma diferença de 10 centímetros. No entanto, mesmo com a diminuição, o Guaíba segue mais de 2 metros acima da cota de inundação (3 metros).

De acordo com uma projeção do Índice de Pesquisas Hospitalares (IPH), o Guaíba deve levar ao menos 30 dias para ficar abaixo dos 3 metros. Na enchente histórica de 1941, quando o rio atingiu 4,76 m, foram 32 dias para o rio voltar as condições normais.

Tragédia

Os temporais que atingem o estado do Rio Grande do Sul já causaram 107 mortes, segundo o boletim da Defesa Civil divulgado nesta quarta-feira. O órgão informa ainda que há um óbito em investigação.

O número de feridos é de 374. Já a quantidade de desaparecidos é de 136.

A Defesa Civil do estado contabiliza mais de 164,5 mil pessoas desalojadas, além de 67,5 mil pessoas em abrigos. Ao todo, 425 dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando cerca de 1,5 milhão de pessoas.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!