Racismo: Defesa denuncia ameaça e pede perícia em celular de vereador
Reprodução/montagem IG - 29/03/2022
Racismo: Defesa denuncia ameaça e pede perícia em celular de vereador

A defesa de uma mulher vítima de ofensas racistas e misóginas em mensagens atribuídas ao  vereador Claudião Oklahoma (PSL), do município paulista de Tatuí, pediu nesta quinta-feira a instauração de inquérito policial e a perícia no aparelho celular do suposto autor, além de seu indiciamento. Em um grupo no WhatsApp, o parlamentar teria chamado a esposa de um adversário político de "Paquita negra", "carvão queimado", "chita" e "neguinha", conforme prints repassados ao GLOBO.

O caso foi registrado como injúria racial por canal eletrônico no último dia 21 e encaminhado à delegacia de Tatuí. A vítima foi orientada a comparecer ao local para a continuidade das investigações, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP). O episódio também é apurado pela Câmara de Vereadores. O parlamentar nega as acusações e diz que se trata de montagens com o intuito de desmoralizar sua imagem.

Em petição, o advogado Anderson Rodrigues Elias, que representa a vítima, narra que as ofensas eram constantes e ultrapassam o grupo de WhatsApp. As mensagens apresentadas exibem ainda cunho sexual e difamatório. Uma delas ataca inclusive o filho da mulher, de apenas nove meses de idade, dizendo que ele "é tão feio que acho que criaram a placenta e jogaram o feto fora".

O documento também expõe que o vereador foi até o local de trabalho da vítima para solicitar o endereço de seu marido e pede que ela o convença a parar de fazer postagens sobre o parlamentar. Na conversa, cujo áudio foi anexado à peça, Oklahoma fala: "Manda ele me aguardar".

"Como prometido, o autor dos fatos vai no antigo endereço da vítima e manda mensagem e uma foto para o companheiro da vítima mostrando que estava no local, pedindo para que saísse e fosse até ele, tudo isso em tom de ameaça", diz o documento.

Fontes ouvidas pelo GLOBO relataram que haveria um atrito político entre Oklahoma e o marido da mulher ofendida. Uma publicação feita pelo homem teria desagradado o vereador. Com os xingamentos dirigidos à vítima, feitos em um grupo apenas de homens descrito como de "baixo calão", ele pretenderia atingir o adversário, que não possui cargo político.

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O presidente da Câmara de Tatuí disse em suas redes sociais que tomou conhecimento sobre o fato nesta segunda-feira e afirmou que "toda denúncia será apurada". "Reitero que lamento e repudio qualquer ato ou declaração ofensiva e discriminatória".

Movimentos sociais organizaram um abaixo-assinado que pede a cassação de Oklahoma. No documento, que reunia mais de duas mil assinaturas, entidades afirmam que a "conduta é totalmente incompatível com o que se espera de qualquer ser humano e, principalmente, de um suposto representante do povo de Tatuí".

"As falas racistas e misóginas do vereador não ferem a dignidade somente de uma cidadã, mas de todas as mulheres e de toda a população negra, comprovando o quanto o racismo e o machismo ainda se encontram presentes em nossa sociedade", diz o texto, assinado por entidades como o Coletivo Alvorada Antirracista, o Núcleo Feminista Rosas da Revolução e o Coletivo Evangélico Progressista A Verdade Liberta.

Outro lado

Em seu perfil no Instagram, Oklahoma negou as acusações e afirmou que se trata de montagens para prejudicá-lo. Diz ainda que "o material teria sido fabricado com o único intuito político de desmoralizar minha imagem".

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