Acusado de racismo e misoginia, o vereador do PSL Claudio dos Santos, mais conhecido como Claudião Oklahoma, parlamentar da Câmara Municipal de Tatuí, cidade do interior de São Paulo, tornou-se alvo de pedido de cassação por bancadas feministas e antirracistas. A petição já reuniu mais de 2 mil assinaturas.
Contexto
No dia 25 de março, Claudião enviou, de acordo com prints, mensagens racistas sobre uma cidadã em um grupo de WhatsApp.
Segundo apuração do iG, o vereador tem uma desavença com o administrador de uma página no Facebook chamada "Somos por Tatuí". A página crítica o vereador e suas condutas políticas, assim como aborda assuntos sobre a cidade.
Durante uma conversa no aplicativo de mensagens vazadas ontem, Oklahoma teria ofendido racialmente a mulher do dono página e criticado os últimos posts referentes ao vereador.
Comentários racistas
O vereador disse: "Queremos paquita negra, conheço uma aí que o Dr indicou, mas não gostei, carvão queimado".
"Nas festinhas da ****, os caras socavam a vara na neguinha".
"Foi mandada embora porque fedia demais, ninguém chega perto da subaqueira".
O membro do PSL teria ainda xingado o filho da cidadã. "O filho é tão feio que acho que criaram a placenta e jogaram o feto fora".
Pedido de cassação
As conversas vazaram e os coletivos Alvorada Antirracista, o Núcleo Feminista Rosas da Revolução e o Coletivo Evangélico Progressista A Verdade Liberta iniciaram um movimento de cassação do vereador Claudio dos Santos o denunciando por racismo e misoginia.
Em conversa com o iG, Glaucia Moura, membro do Núcleo de Mulheres de Tatuí afirmou que os coletivos tomaram conhecimento do caso por conta de um amigo em comum participante do Movimento Negro que recebeu os prints.
"Isso não pode ficar impune, isso é muito sério", diz Moura sobre o caso.
O que diz a vítima?
A mulher negra, mãe e esposa a quem Claudio se refere preferiu manter sua identidade preservada, mas, segundo informações, ela fez um boletim de ocorrência contra o vereador e foi até a Câmara Municipal da cidade levar o caso até Marquinho de Abreu, líder da Câmara.
Sem sucesso, a vítima ainda busca por justiça e já acionou um advogado para cuidar do caso.
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O que diz o vereador Claudião Oklahoma?
Ao iG, Claudio negou as acusações e afirmou que os prints são falsos. "Não ameacei ninguém. É fake do esposo dela que administra a página Facebook "Somos por Tatuí". Ele me ataca 24 horas e fez uma montagem de cunho racista".
Em nota, o vereador afirma que tomou conhecimento somente ontem sobre as acusações e reiterou que é "totalmente contra qualquer discriminação".
Oklahoma ainda garante que as mensagens são uma montagem e possuem incoerências.
"É possível verificar que em todo o conteúdo publicado, há divergência de identidades relacionada aos números supostamente conexos a mim, demonstrando claramente que o material teria sido fabricado com o único intuito político de desmoralizar minha imagem, pois, até o momento, não recebi nenhuma comunicação oficial de nenhuma autoridade, que exija minha manifestação oficial, seja por mim, por minha assessoria ou por meu jurídico".
Leia a nota na íntegra:
Na data de ontem (28) tomei conhecimento sobre as narrativas vinculadas em grupos de whatsapps e nas redes sociais, que em breve resumo apresentava uma montagem de capturas de mensagens contendo imagens que supostamente se referiam a comentários ofensivos vinculados a minha pessoa.
Ao receber o conteúdo, e ao ser procurado, verifiquei que se tratava de montagens para me prejudicar, sem qualquer nexo e/ou verdade, produzidos por um desafeto que há tempos vem atacando eu e minha família, por razões políticas, principalmente por não ter cedido a pressões políticas para beneficiar – ilicitamente – tal pessoa.
Nestes ataques, foram veiculadas imagens, inclusive de meus filhos menores e de minha esposa, além de frases ofensivas contra terceiros, satirizando iniciativas de leis de minha autoria, e principalmente, me atacando como pessoa, produzindo “memes” e “figurinhas”, inclusive ironizando meus problemas de saúde em relação à obesidade. Em certa feita, chegou a confessar que faria montagens de cunho “racista” buscando me incriminar.
Importante frisar que a pessoa por trás desta manobra, utilizou a própria esposa para deflagrar as campanhas sociais, e inclusive, produziu conteúdo contra a ex-prefeita deste município, ironizando seu falecimento, atacando diretamente a filha e o marido, e mais, conhecido no meio político por criar “fake news”, e mais, respondendo à processos/procedimentos por criar tais conteúdos, inclusive, se intitula “destruidor de reputações”.
Além de que, é possível verificar que em todo o conteúdo publicado, há divergência de identidades relacionada aos números supostamente conexos a mim, demonstrando claramente que o material teria sido fabricado com o único intuito político de desmoralizar minha imagem, pois, até o momento, não recebi nenhuma comunicação oficial de nenhuma autoridade, que exija minha manifestação oficial, seja por mim, por minha assessoria ou por meu jurídico.
Consigno que sou totalmente contra qualquer discriminação, e aqueles que acompanham meu trabalho são conhecedores desta afirmação, e mais, repúdio qualquer situação neste sentido, que venha a ofender qualquer classe, etnia, raça, gênero, enfim.
Coloco-me a disposição, da imprensa, das autoridades para quaisquer esclarecimentos, e que, em eventual abertura de procedimento, processo ou similar, estarei exercendo minha manifestação, relatando os fatos, inclusive, com todo material que embasa esta nota, que demonstram toda a perseguição política que venho sofrendo por não atender pedidos ilícitos e imorais.
Cláudio dos Santos
Posicionamento da Câmara e da Prefeitura de Tatuí
Na tarde desta terça-feira (29), o presidente da Câmara Municipal de Tatuí, Marquinho de Abreu afirmou que a acusação será apurada e que lamenta e repudia "qualquer ato ou declaração ofensiva e discriminatória".
A Prefeitura de Tatuí também divulgou uma nota dizendo que preza pela "pluralidade humana" e repudia "todo tipo de discriminação". O órgão também afirma que irá apurar os fatos.
*Com a colaboração de Max Ritcher