Para o jurista e pesquisador sobre o racismo, Silvio Almeida, o racismo causa mais do que apenas violência verbal. O racismo estrutural causa a morte da população negra. "A única maneira de administrar esse mundo é produzir a morte (...) a raca é um elemento de naturalização da morte do outro", disse.
A fala foi durante entrevista concedida ao programa 'Roda Viva', da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (22).
Almeida também disse que o racismo estrutural causa naturalização da morte negras. "Associamos a morte de pessoas negras como um elemento natural", disse. Ele também disse: "O branco e o negro são produzidos na lógica racial (...) os brancos que hoje não entenderam a luta anti-racista, não entenderam a gravidade que estamos vivendo (...) nós precisamos gerar espaços para diálogos raciais", completou Silvio Almeida.
"O discurso da supremacia branca está ligada a uma ideia econômica que seduz algumas pessoas", complementou Almeida.
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O jurista e filósofo também comentou como a mídia, às vezes, ajuda a disseminar uma ideia errada e esteriotipada sobre os negros. "A mídia naturaliza a figura do negro como marginal", disse.
No campo da política, Silvio Almeida também vê a necessidade de o negro assumir uma posição de protagonismo. "O racismo é a naturalização do lugar do negro. Uma candidatura negra é importante para os negros e para o restante do país quando ela é sustentada por uma agenda política. Precisamos sustentar candidaturas negras como agenda pública e com diálogo forte", disse.
"Não haverá no Brasil democracia se não houver luta anti-racista, inclusive por parte dos brancos", afirmou.
Quando perguntado sobre o que achava das ondas de retirar estátuas de pessoas que foram racistas no passado, Almeida disse que existem pessoas que são capazes de se emocionar e chorar por estátuas que são retiradas, mas não são capazes de chorar quando morre um negro. "A cidade é um espaço político. A cidade é construída para que as pessoas saibam qual sua posições dentro da orgazinação. Então, ter um momumento assim é indicação de quem você quer que esteja ali, a quem você faz reverência e como se dá o processo de manutenção da memória que deve ser preservada", disse Almeida.
Meritocracia
Para Silvio Almeida, a meritocracia em um país desigual como o Brasil é assunto complicado. "Não acho possível falar de meritocracia. Pessoas brilhantes não conseguem ter reconhecimento. Como podemos falar de meritocracia se a gente mata um jovem que estava estudando dentro de casa?", afirmou.