O embaixador Celso Amorim
, assessor especial da Presidência da República, afirmou na terça-feira (24) que o Brasil
voltará a ter relações diplomáticas e econômicas com Cuba
e condenará o bloqueio comercial estabelecido pelos Estados Unidos contra os cubanos. Ele também criticou a postura do ex-presidente Jair Bolsonaro
(PL) ao não dialogar com outros países.
“Cuba é sobretudo uma retomada que significa normalização”, pontuou. “O Brasil quer ter relações normais com Cuba, como teve. Voltar a votação normal nas Nações Unidas. Continuar com sempre tivemos historicamente em todos os governos — governo Collor, Fernando Henrique — condenar o bloqueio, que o Brasil deixou de condenar nestes anos de governo Bolsonaro e que é uma coisa absurda. Pois isso interessa muito à Cuba, mas interessa também ao mundo”.
Celso Amorim explicou que o Brasil e Cuba trabalharão em conjuntos em diversos assuntos. Um dos exemplos usados pelo embaixador foi o intercâmbio que os dois países podem fazer sobre a medicina.
“Falou-se muito na cooperação bilateral, sobretudo na área da saúde: vacinas são muito importantes e já tiveram trabalhos no passado entre Fiocruz e as instituições cubanas, que são muito desenvolvidas nessa área. Como vocês sabem, fizeram sua própria vacina para enfrentar a pandemia. Com o comércio, voltar a relações normais como em todo país", relatou.
Na segunda-feira (23), ao se encontrar com Alberto Fernández, presidente da Argentina, o presidente Lula (PT) defendeu a soberania de Cuba e Venezuela. Ele criticou a ingerência em solo venezuelano e o bloqueio comercial contra os cubanos. O chefe do Executivo brasileiro afirmou que voltará a ter boa relação com todos os países.
“Dado concreto é que o Brasil não quer inimizade com nenhum país e se a gente puder construir acordos dentro de cada país, nós vamos ajudar. E o Brasil tem um papel importante a jogar nisso”, relatou o mandatário brasileiro.
Outros encontros de Lula
Além do encontro com o presidente de Cuba, Amorim destacou que Lula teve outros três encontros bilaterais nos últimos dias com a ministra de Barbados, com o representante do Conselho Europeu e também com o diretor-geral da FAO.
"Barbados manteve a relação com o Brasil e manteve a Embaixada aberta, apesar do desprezo que o Brasil deu à região. Inclusive presidia o grupo latino-americano em Brasília. Falou-se muito da potencialidade entre os dois países, envolvendo cooperação em áreas variadas, principalmente agrícola. Mas também na questão de exploração de petróleo e gás que eles estão começando. Há um interesse da Petrobras, que agora será renovado e reforçado pelo presidente Lula", detalhou.
Celso Amorim explicou que a relação com Barbados pode ser muito importante na área turística, tendo o apoio do Caribe. "Falou-se muito da questão da mudança climática, da importância que, ela obviamente apoia o Brasil para fazer a próxima conferência no Brasil, em Belém, mas que quer fazer uma pré-COP, que é importante aos interesses de todos esses pequenos países", afirmou.
Lula e o Conselho Europeu e o FAO
Lula se encontrou com o o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e com o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura Qu Dongyu.
Com Michel, o brasileiro demonstrou interesse em debater pautas como a autonomia dos órgãos extragovernamentais. "O presidente Lula mais uma vez enfatizou a importância de ter mudança na governança global que torne os órgãos multilaterais capazes de tomar decisões que sejam respeitadas. Para isso, que seja uma organização ou órgãos que tenham legitimidade. Ele frisou bastante a palavra legitimidade”.
Com o representante da FAO, Lula enfatizou que sua maior luta é acabar com a fome no Brasil. “Foi um encontro muito positivo, até por afinidades. Ficamos sabendo que o diretor da FAO veio de origem de pequenos camponeses e falou muito da importância da agricultura familiar, inclusive no combate à fome. E o presidente Lula, como vocês sabem, tem a grande prioridade de acabar com a fome não só no Brasil, mas ajudar a acabar com a fome no resto do mundo e a FAO é fundamental para isso", completou Celso Amorim.
Durante as eleições de 2022, Lula criticou o governo Bolsonaro pelos 33 milhões de brasileiros que passam fome, segundo dados da Rede Penssan. Uma das suas promessas foi diminuir a quantidade de pessoas que vivem em grave situação de insegurança alimentar.
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