Um grupo de mais de 50 eurodeputados publicou nesta quarta-feira (28) uma carta aberta pedindo que as instituições da União Europeia monitorem as eleições de 2 de outubro e defendam a democracia e os direitos humanos no Brasil.
O documento reúne signatários de diversas nacionalidades, como a alemã Anna Cavazzini, a italiana Eleonora Ivi e o ex-presidente da Catalunha Carles Puigdemont, e é endereçado à presidente da Comissão Europeia (poder Executivo do bloco), Ursula von der Leyen, e ao chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell.
"Em antecipação às eleições gerais de 2 de outubro no Brasil, estamos escrevendo para expressar nossa profunda preocupação com os sistemáticos ataques às instituições democráticas no Brasil", começa a carta.
Segundo os eurodeputados, o sistema eleitoral eletrônico, "tido como seguro e confiável", tem sido alvo de " ataques infundados por parte do presidente Jair Bolsonaro ". A missiva cita a reunião com embaixadores em que o mandatário, sem apresentar provas, apontou alegadas vulnerabilidades nas urnas eletrônicas.
"Essa não foi a primeira vez que ele tentou desacreditar as instituições eleitorais no Brasil. Em junho, ele prometeu publicamente 'ir para a guerra' para evitar uma eleição 'roubada'. [...] Nós tememos que ele possa impedir uma transição pacífica de poder caso perca", afirmam os eurodeputados.
Em seguida, a carta enumera uma série de episódios recentes de violência cometidos por bolsonaristas, como o assassinato de dois militantes do PT e ameaças de morte contra Guilherme Boulos, candidato a deputado federal pelo Psol.
"Dadas as ameaças sem precedentes às eleições no Brasil, nós pedimos que vocês tomem medidas adicionais para deixar inequivocamente claro para o presidente Bolsonaro e sua gestão que a Constituição brasileira deve ser respeitada e que tentativas de subverter as regras da democracia são inaceitáveis", diz o documento.
Além disso, os eurodeputados ressaltam que é "crucial" dissuadir a liderança das Forças Armadas de "qualquer tentação de apoiar um golpe" e lembram que as autoridades brasileiras não convidaram a UE para ser observadora do pleito.
"Nós, no entanto, pedimos à delegação da UE no Brasil que monitore a situação de perto e apoie as instituições brasileiras e organizações da sociedade civil na defesa da democracia. A UE deve afirmar que vai usar diferentes instrumentos, incluindo o comércio, para defender a democracia e os direitos humanos no Brasil", conclui a carta.
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