Jair Bolsonaro
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Jair Bolsonaro

Preocupado com o fraco desempenho do presidente Jair Bolsonaro nas pesquisas a 82 dias do primeiro turno das eleições, o núcleo duro da campanha à reeleição se reuniu ontem em Brasília para traçar um plano de reação. No diagnóstico desse grupo, o titular do Palácio do Planalto precisa modular o discurso, escolher melhor seus antagonistas e até mudar hábitos para reconquistar bolsonaristas arrependidos.

O primeiro passo acordado entre os integrantes da campanha, segundo relatos feito ao GLOBO, é blindar Bolsonaro das “más influências do zap”, ou seja, reduzir a influência de aliados mais radicais sobre ele. Essa ala de bolsonaristas tem por hábito se comunicar por meio do aplicativo WhatsApp, torpedeando o presidente com mensagens desde a madrugada. Por vezes, segundo membros da campanha, esse material pauta declarações de Bolsonaro.

Com isso, as orientações repassadas pelo núcleo político acabam sendo preteridas em detrimento do conteúdo enviado pela turma do WhatsApp, que estimula Bolsonaro a centrar fogo em temas que, de acordo com pesquisas internas, não lhe rendem votos, como ataques às urnas eletrônicas e aos ministros da Supremo Tribunal Federal (STF), por exemplo.

Para neutralizar os efeitos da suposta má influência, integrantes do grupo da campanha com mais trânsito com o presidente planejam se revezar logo cedo no Palácio da Alvorada para repassar as estratégias, análises de cenários e propostas de discursos. Há um receio de que falas ácidas de Bolsonaro desencadeiem crises e ruídos durante o período eleitoral.

A reunião ocorrida ontem, na casa alugada para ser o comitê da campanha em Brasília, contou com a participação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), coordenador do grupo, dos ministros Ciro Nogueira (Casa Civil) e Fábio Faria (Comunicações), além do general Braga Netto, que deverá ser confirmado como vice na chapa de Bolsonaro. Também estiverem presentes o empresário Fabio Wajngarten, coordenador de comunicação da campanha, o marqueteiro Duda Lima e o publicitário Sérgio Lima, assim como o ex-ministro do Turismo Gilson Machado. De acordo com pessoas que participaram da reunião, desta vez houve uma coesão a respeito da estratégia, algo que nem sempre ocorre. Nomes da ala política com frequência divergem dos responsáveis pela comunicação, por exemplo.

Outro desafio é convencer o entorno de Bolsonaro, do grupo considerado mais radical, que é preciso encarar o presidente como um candidato em uma situação completamente diferente de 2018. Naquele ano, o então postulante ao Palácio do Planalto se elegeu em um partido pequeno, com poucos recursos e numa campanha modesta, alavancada pela atuação nas redes sociais.

Agora, a prioridade do núcledo duro passa pela reconquista de eleitores de Bolsonaro arrependidos. O comitê identifica que o melhor espaço de atuação seria investir nos brasileiros que votaram no presidente em 2018, mas agora se mostram inclinados e apoiar outros candidatos ou a não votar.

Foco no Sudeste

Os principais estrategistas do projeto que mira na reeleição vêm alertando que é preciso investir em uma campanha profissional em 2022, tanto do ponto de vista político quanto de marketing. Eles também querem ter mais controle sobre a agenda do presidente, coordenada pelo Palácio do Planalto. Há uma crítica de que o presidente perde muito tempo em compromissos voltados para os “convertidos”, como motociatas e eventos evangélicos, que atraem eleitores que já estão com Bolsonaro.

O núcleo que trabalha pela reeleição também quer concentrar esforços para ganhar votos no Rio, em São Paulo e em Minas Gerais, os três maiores colégios eleitorais do país, que reúnem 42% dos brasileiros votantes. O objetivo é chegar no dia 16 de agosto, quando começa a disputa oficialmente, mais próximo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas. O petista aparece com 57% da preferência no último levantamento do Datafolha, 13 pontos à frente do chefe do Executivo.

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