A reunião entre o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, está marcada para esta quinta-feira (16), às 15h (horário de Brasília), na Casa Branca, em Washington.
Entenda
: Tarifaço: Lula confirma reunião entre Brasil e EUA na quinta (16)
O encontro ocorre em meio a esforços de reaproximação entre os dois países, após meses de tensões diplomáticas, e deve abordar temas econômicos, políticos e geopolíticos.
A principal pauta será a negociação para reverter ou suspender o “tarifaço” de até 50% imposto pelos Estados Unidos sobre exportações brasileiras, que afeta produtos como café, carne e aço.
A medida, em vigor desde agosto, tem impacto bilionário no comércio entre os dois países.
O Brasil busca aliviar as tarifas, enquanto os EUA podem condicionar qualquer avanço a concessões comerciais, como redução de barreiras não tarifárias e maior abertura de mercado.
Outro ponto central é a discussão sobre as sanções aplicadas a autoridades brasileiras com base na Lei Magnitsky, entre elas o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
As restrições incluem congelamento de bens e proibição de vistos para ele, familiares e associados.
Rubio deve defender garantias de liberdade de expressão e o fim de perseguições políticas a opositores, incluindo reivindicações por anistia a presos políticos e direito de participação eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2026.
As negociações também devem tratar da exploração de minerais críticos e da cooperação em recursos naturais.
Os Estados Unidos buscam acesso a insumos estratégicos como lítio e terras raras, usados em tecnologias de transição energética.
O governo brasileiro, por sua vez, pretende garantir que parcerias no setor resultem em industrialização e investimentos locais, evitando dependência externa.
Outro tema em discussão é a regulamentação de plataformas digitais. As regras brasileiras que preveem sanções a empresas como X (ex-Twitter) e Meta geram atritos com Washington.
Rubio é crítico de restrições que considera censura e defende a desregulamentação como forma de “proteger a democracia”.
O Brasil, por outro lado, argumenta que a regulação é necessária para combater desinformação, mas pode negociar flexibilizações em troca de avanços comerciais.
Também está na pauta a ampliação de acordos econômicos e investimentos em infraestrutura e energia, incluindo o setor petroquímico.
As conversas abordam ainda juros, impacto das tarifas em empregos e a preparação para um possível encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, cogitado para ocorrer na Malásia ou no Brasil.
No campo geopolítico, Rubio deve pressionar o Brasil a reduzir a cooperação com a China, especialmente em projetos vinculados à Nova Rota da Seda, e a adotar posição mais crítica em relação ao governo de Nicolás Maduro na Venezuela.
Essas demandas refletem a estratégia americana de conter a influência chinesa na América Latina.
Expectativa do governo brasileiro
A delegação brasileira conta com a embaixadora Maria Luiza Viotti, o secretário de Clima Maurício Lyrio e o secretário de Assuntos Econômicos Philip Fox-Drummond, o que indica foco em temas ambientais, comerciais e energéticos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), expressou otimismo quanto a avanços rápidos nas negociações.