
Ministros do Supremo Tribunal Federal iniciaram articulações para conter a escalada de tensões entre o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto.
O movimento ocorre em meio a sinais de desgaste entre os Poderes e à preocupação de que o conflito possa afetar os trabalhos do Judiciário.
O alerta foi acendido após a reação do governo federal e de apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que passaram a criticar abertamente o Congresso, apontando supostos privilégios concedidos a parlamentares e a super-ricos.
Paralelamente, magistrados do Supremo identificaram o início de um movimento de críticas direcionadas ao Judiciário, em especial a juízes e promotores, por conta dos chamados “penduricalhos” salariais.
Diante desse cenário, um grupo de ministros do STF procurou o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil), e representantes do Executivo para tentar reestabelecer canais de diálogo.
Segundo relatos ouvidos pelo Portal iG, os líderes do Legislativo demonstraram disposição para conversar. Integrantes do governo também sinalizaram abertura para o diálogo, embora tenham destacado que isso não significa recuar no discurso crítico que vem sendo adotado por setores da base governista.
A orientação da equipe de Lula é manter a comunicação ofensiva sobre a necessidade de taxação de grandes fortunas, mesmo que isso implique em embates públicos com o Congresso.
O Planalto avalia que é preciso seguir pressionando por medidas que atinjam os chamados super-ricos, ainda que essa estratégia amplifique as divergências com os parlamentares.
Lula insatisfeito

Nos bastidores, a insatisfação do presidente com o comando da Câmara é evidente. Lula tem reiterado críticas ao presidente da Casa, Hugo Motta, a quem acusa de não cumprir acordos firmados em pelo menos três ocasiões.
Com o presidente do Senado, no entanto, o clima é diferente. Lula já indicou que pretende se reunir com Davi Alcolumbre tão logo retorne da viagem oficial à Argentina.
A interlocução entre os ministros do Supremo e os chefes do Legislativo ocorre em paralelo ao esforço de conter desgastes que possam comprometer o funcionamento institucional.
A avaliação no STF é de que a crise, se não contida, pode avançar sobre temas que envolvem diretamente o Judiciário.