Rua da favela do Moinho
Governo de São Paulo
Rua da favela do Moinho


A Favela do Moinho, situada na região central de São Paulo, tem sido  apontada em investigações recentes como um dos principais centros de atuação do PCC(Primeiro Comando da Capital) na cidade.

Relatórios do Ministério Público de São Paulo e do Gaeco(Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) descrevem a comunidade como base estratégica para operações da facção, especialmente nas imediações da Cracolândia.

De acordo com os documentos, a favela funciona como um ponto de comando para atividades ilícitas, incluindo o tráfico de drogas, armazenamento de armas e realização de "tribunais do crime".

A localização, entre os trilhos da CPTM(Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e próxima à região da Luz, permite mobilidade, vigilância e controle territorial.

Em relatório, o Gaeco afirma que o local apresenta características logísticas que favorecem a atuação do grupo criminoso. A área abriga, segundo os investigadores, um sistema de monitoramento com uso de rádios UHF, repetidores e escalas de "olheiros", posicionados em locais estratégicos.

A Anatel(Agência Nacional de Telecomunicações) confirmou a existência de sinais não autorizados operando na faixa de comunicação da polícia, utilizados para interceptar transmissões da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana.

A Operação Salus et Dignitas, deflagrada em agosto de 2024, teve como objetivo desarticular esse esquema.

A ação resultou na prisão de 26 pessoas e na apreensão de drogas, rádios comunicadores, armas, munições e documentos. Um dos alvos foi Leonardo Monteiro Moja, conhecido como "Léo do Moinho", apontado como liderança local do PCC.

Segundo a denúncia apresentada pelo MPSP, Léo e seus irmãos, Alberto e Jefferson Moja, coordenavam o tráfico na favela e mantinham negócios de fachada, como hotéis e ferros-velhos, para ocultar recursos ilícitos.

“A atuação do grupo incluía o aliciamento de usuários de drogas para atividades criminosas, como transporte e embalagem de entorpecentes”, registra o inquérito.

Investigações

Moradores da Favela do Moinho fizeram novo protesto contra demolição de casas da comunidade e paralisam Linha 8-Diamante
Reproduçao TV Globo
Moradores da Favela do Moinho fizeram novo protesto contra demolição de casas da comunidade e paralisam Linha 8-Diamante


Durante as investigações, promotores também identificaram ao menos duas estruturas conhecidas como “casas-bomba” — barracos adaptados para armazenar grandes quantidades de drogas. Uma dessas unidades foi desmantelada durante a operação.

Foram apreendidos 18 quilos de cocaína, 12 quilos de maconha, porções de ecstasy e LSD, além de R$ 48 mil em espécie.

A atuação da facção na região também se estende à exploração de dependentes químicos como mão de obra, receptação de fios de cobre e extorsão de comerciantes locais.

De acordo com a Promotoria, há indícios de pagamentos mensais feitos por lojistas a integrantes da facção em troca de “segurança”.

Ainda conforme as denúncias, agentes públicos teriam sido corrompidos para repassar informações sigilosas sobre operações.

Favela do Moinho

Moradias na Favela do Moinho
Governo de São Paulo
Moradias na Favela do Moinho


A Favela do Moinho é considerada a última grande ocupação remanescente no centro  expandido da capital paulista.

Sem infraestrutura adequada e com acesso restrito a serviços públicos, a área apresenta vulnerabilidades que, segundo os relatórios oficiais, foram exploradas pelo crime organizado.

O local também está envolvido em disputa urbanística. O governo estadual anunciou, em 2024, a intenção de remover parte da favela para a construção da Estação Bom Retiro, da CPTM.

A medida gerou tensões com moradores, que denunciam pressões e ameaças por parte de traficantes interessados em controlar as indenizações oferecidas pelo poder público.

“O crime organizado passou a exigir parte dos valores pagos a título de compensação pela desocupação, sob ameaça de retaliações”, aponta a Promotoria. O MPSP denunciou 32 pessoas por envolvimento em extorsão de moradores entre setembro de 2024 e fevereiro de 2025.

Desde a deflagração da operação, a presença policial foi intensificada na região, com apoio de unidades da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e da Polícia Civil.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que mantém investigação em curso sobre ramificações da facção em outras áreas da cidade.

Até abril de 2025, sete ações penais foram abertas com base nos elementos reunidos pela operação, e os processos seguem em andamento na Justiça Estadual.


Governo Federal autoriza retirada da favela para construção de estação

O Governo Federal, através da SPU (Secretaria de Patrimônio da União), publicou um ofício autorizando a remoção de famílias da Favela do Moinho para viabilizar as obras da Estação Bom Retiro, da Linha 11-Coral da CPTM.

A medida foi articulada entre o Ministério das Cidades, o Governo do Estado de São Paulo e a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), responsável pela interlocução com os moradores.

A autorização permite a desocupação de áreas públicas e particulares localizadas entre os bairros da Luz e Campos Elíseos.

O processo de retirada dos moradores foi incluído no Plano Integrado de Urbanização e Mobilidade da região central.

A CDHU foi incumbida de realizar o cadastramento das famílias, pois o órgão tem que prover o atendimento habitacional.

CDHU cadastra famílias e negocia indenizações

A CDHU iniciou, em julho de 2024, o cadastramento dos moradores da Favela do Moinho.

O Governo de São Paulo retomou, em 13 de maio, a desmontagem de moradias desocupadas na Favela do Moinho, com autorização da Secretaria de Patrimônio da União.

A ação, realizada em conjunto com CDHU, Subprefeitura da Sé e Defesa Civil, visa garantir segurança e evitar novas ocupações em estruturas precárias.

Até o momento, 168 famílias já foram transferidas e 752 aderiram ao plano de reassentamento (88% do total), que oferece duas modalidades principais: Carta de Crédito Associativa e Carta de Crédito Individual.

Até agora, 548 já escolheram o imóvel de destino para atendimento final ou sinalizaram a opção por Carta de Crédito Individual para buscar uma casa no mercado.

Os imóveis demolidos pertenciam a moradores que aceitaram voluntariamente o plano habitacional.

A CDHU também disponibilizou equipe técnica para atendimento social e jurídico.

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado informou que as remoções ocorrerão em fases e que nenhuma demolição será executada antes da conclusão dos acordos com as famílias residentes.

O cronograma prevê o início das obras da estação no segundo semestre de 2025.

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