Moradias na Favela do Moinho
Governo de São Paulo
Moradias na Favela do Moinho


Nesta terça-feira (22), o governo de São Paulo iniciou a transferência das primeiras famílias da Favela do Moinho, localizada no centro da capital paulista. Porém,  muitos moradores não concordam com a ação do Palácio dos Bandeirantes.

O reassentamento, que envolve cerca de 820 pessoas que vivem em condições insalubres e de alto risco de incêndio, já conta com uma adesão de 87% da comunidade. No entanto, apesar da mobilização, a insatisfação de alguns moradores com o processo e as condições oferecidas é notável.

A Favela do Moinho, que se encontra entre linhas de trem e em uma área com alto risco de incêndios e alagamentos, abriga atualmente 821 famílias. A comunidade está localizada em um espaço murado, com apenas uma entrada e um número elevado de moradias, o que torna o local vulnerável a tragédias, segundo o governo de São Paulo ao Portal iG.

Ao longo dos últimos anos, a favela já foi cenário de dois grandes incêndios, que resultaram em mortes e centenas de desabrigados.

A linha férrea, no mesmo nível da favela, expõe principalmente as crianças a riscos frequentes quando os trens passam pelo local. Essas condições inviabilizam a regularização da área, levando à decisão de transferir as famílias para moradias mais seguras.

Moradores reclamam

Apesar da alta adesão ao processo de reassentamento, que já atingiu 719 famílias, a transferência tem gerado desconforto entre os moradores.

Muitos questionam a viabilidade do auxílio-moradia oferecido, especialmente considerando que o valor de R$ 800 mensais não será suficiente para cobrir o aluguel no centro da cidade, obrigando-os a procurar imóveis em regiões periféricas.

Um perfil foi criado no Instagram para mostrar a insatisfação por parte da população que vive na região com o comportamento do governo.


O plano do governo paulista para o reassentamento prevê a construção de 1.500 unidades habitacionais, das quais mais de mil estão localizadas na região central, em bairros como Brás, Vila Buarque, Campos Elíseos e Barra Funda.

As demais 499 unidades estão distribuídas por outras regiões da cidade. A escolha do imóvel será feita por cada família, conforme suas necessidades e vínculos com a área.

Além disso, o financiamento das novas moradias será realizado com parcelas de até 20% da renda familiar e juros zero, com subsídios de até 70% para quem recebe um salário mínimo.

Diálogo

Construções improvisadas próximas dos trilhos e rede elétrica
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Construções improvisadas próximas dos trilhos e rede elétrica


O processo de reassentamento tem sido acompanhado por um diálogo constante entre o governo estadual, a Prefeitura de São Paulo, a Defensoria Pública e os moradores. No entanto, famílias seguem não concordando com a decisão dos governantes.

Ao longo do último ano, foram realizadas mais de 2.000 reuniões e atendimentos individuais. Até o momento, 558 famílias já estão aptas a assinar contratos e receber as chaves das novas casas, enquanto 496 delas já escolheram o imóvel de destino.

Auxílio-moradia é questionado

Em relação à moradia temporária, o governo estadual oferece auxílio-moradia no valor de R$ 800 mensais, com metade do valor sendo pago pelo governo estadual e a outra metade pela Prefeitura de São Paulo.

Porém, a eficácia deste auxílio tem sido questionada por vários moradores, que argumentam que o valor não será suficiente para cobrir os custos de locação de um imóvel nas áreas centrais da cidade. O valor é considerado insuficiente por muitos, que temem a impossibilidade de encontrar opções de aluguel no centro, onde os custos são elevados.

Segurança

Rua da favela do Moinho
Governo de São Paulo
Rua da favela do Moinho


Além das questões habitacionais, a situação de segurança também tem sido um ponto de preocupação. A Favela do Moinho tem sido alvo de investigações sobre o tráfico de drogas.

Durante a Operação Salus et Dignitas, as forças de segurança do Estado desmantelaram uma rede criminosa que operava a partir da favela, com o apoio de membros do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Durante a operação, foram cumpridos cinco mandados de prisão e denunciados 11 acusados por envolvimento em crimes como tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.


CDHU

O governo paulista, por meio da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), também planeja a requalificação da área da favela, com a criação do Parque do Moinho, que deve ocupar o terreno onde a favela estava localizada.

O projeto visa devolver o espaço público à cidade e impedir novas ocupações. A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação está negociando com o governo federal a cessão de parte do terreno da favela, de propriedade da União, para a construção do parque.

Embora o reassentamento da Favela do Moinho seja visto como uma tentativa de melhorar as condições de vida da comunidade, as críticas e preocupações persistem.

Moradores afirmam que, embora o processo de remoção seja em grande parte voluntário, muitos não têm outra opção a não ser aceitar a proposta, dado o risco iminente de acidentes na favela.

Além disso, a falta de opções de aluguel acessível na região central e a distância dos novos imóveis em relação aos locais de trabalho geram incertezas quanto ao futuro das famílias reassentadas.

“Quando há briga entre entes da Federação, quem perde é a sociedade. O que queremos é que o governo federal ajude, complementando valores e oferecendo alternativas viáveis para essas famílias. Não podemos permitir que esse processo seja politizado”, afirmou o vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth (PSD).

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