Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
Mônica Andrade/Governo do Estado de SP
Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas

O governador de São Paulo , Tarcísio de Freitas (Republicanos), destacou nesta quarta-feira (18) a atuação das polícias Civil e Militar do estado . A declaração acontece mesmo diante do aumento de mais de 100% nas mortes decorrentes de ações policiais entre 2022 e 2024, que saltaram de 331 para 676.  

"Nós temos uma excelente Polícia Militar , uma excelente Polícia Civil ", afirmou Tarcísio durante evento de balanço de seu governo no Palácio dos Bandeirantes . Ele classificou como "desvios de conduta" os casos de abuso policial e envolvimento de agentes com o crime organizado.  

“A corrupção [policial] é intolerável. Não vamos passar pano em nada. Infelizmente, há desvios de conduta. E esses desvios serão severamente punidos. É uma política de tolerância zero com desvio de conduta, não vamos permitir. Vamos capacitar, treinar, dar ferramenta e mexer em tecnologia para continuar reduzindo os indicadores e fazendo São Paulo cada vez mais seguro. O desvio de conduta não pode se confundir com a ação profissional de muitos que estão protegendo a sociedade”, afirmou o governador.  

A fala ocorre após a divulgação de novos casos de violência policial, incluindo um vídeo gravado na madrugada de terça-feira (17) em Paraisópolis, na zona sul da capital. Nas imagens, uma PM aparece chutando um homem já rendido no chão e gritando: "Sai do carro! Eu vou matar todo mundo aí nessa p!@$!"  

Crise e alta na letalidade policial  

Os últimos episódios de violência envolvendo agentes de segurança reacenderam as críticas à gestão Tarcísio. Em meio à crise, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o governo do estado mantenha as câmeras corporais com gravação ininterrupta nas fardas dos policiais militares, citando o aumento na letalidade em 2024.  

"Indispensável manter o modelo atual de gravação ininterrupta", afirmou o ministro Luís Roberto Barroso, ao destacar a ausência de justificativas para mudanças no sistema e o agravamento da violência.  

O governador reconheceu os erros em seu discurso: "A gente comete erros também, e os erros que a gente comete têm reflexos. Nosso discurso tem peso, isso é fácil de perceber. Tem uma reflexão profunda que precisa ser feita”.

A fala sinaliza uma mudança em relação à postura anterior, quando Tarcísio minimizou as críticas aos abusos policiais.  

Indicadores e novas polêmicas

Tarcísio destacou números da segurança pública em São Paulo durante o evento: "São 168 mil prisões em 2024, 42 mil veículos roubados recuperados, quase 200 toneladas de entorpecentes apreendidas. A polícia atende 30 milhões de chamados por ano, sendo 18 milhões de ocorrências, 50 mil por dia. São 36 mil homens nas ruas todos os dias."  

O governador também apontou queda nos homicídios, de 2.127 em 2023 para 2.065 em 2024, o menor índice da história do estado. Contudo, latrocínios subiram de 133 para 144, enquanto estupros cresceram pelo terceiro ano consecutivo, de 12.079 para 12.319.  

Ele evitou comentar a operação Verão, na Baixada Santista, que resultou em 56 mortes, a maior desde o massacre do Carandiru. Apesar de mencionar a região como tendo o menor número de homicídios da história, ignorou as denúncias de violência policial na ação.  

O PSOL acionou a Corte Interamericana de Direitos Humanos, pedindo que reconheça as mortes por violência policial no estado como “formas de tratamento cruel e degradante”. O documento, assinado pelas deputadas Sâmia Bomfim e Mônica Seixas, cita "negligência e permissividade" da gestão Tarcísio e o aumento da letalidade como reflexos de sua política de segurança.  

Embora a aprovação geral do governo tenha se mantido em 61% nos últimos oito meses, segundo a Genial/Quaest, a avaliação negativa da área de segurança subiu de 31% em abril para 37% em dezembro.  


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