Deputados
estaduais
da oposição protocolaram nesta sexta-feira (6) um pedido de impeachment contra o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite
. As informações são do g1
.
A acusação é de que ele teria cometido "crimes de responsabilidade, atentado ao livre exercício do direito social à segurança pública e atentado à probidade administrativa".
O pedido foi apresentado após uma série de episódios de violência policial nas últimas semanas. No último mês, 45 policiais militares foram afastados e dois presos por abuso de autoridade e letalidade policial, com casos registrados por câmeras de segurança e celulares.
Liderado pelo deputado Guilherme Cortez (PSOL) e apoiado por outros 25 parlamentares de partidos como PSOL, PT, PCdoB, Rede e PSB, o pedido cita o artigo 7º da Lei dos Crimes de Responsabilidade, que prevê crime ao tolerar abusos de poder por subordinados.
"Derrite não está à altura do cargo que ocupa", declarou Cortez, que também responsabilizou o governador Tarcísio de Freitas. Em coletiva, acusou o governo de "instrumentalizar a violência policial para fins eleitorais".
"[O governador de São Paulo] optou por protegê-lo, desconsiderando completamente as dores das vítimas e normalizando essa conduta policial truculenta", afirmou Guilherme Cortez (PSOL).
Tarcísio afirmou, na última quinta-feira (5), que confia em sua equipe, atribuiu a si mesmo a culpa por possíveis erros e disse que não pretende fazer mudanças na Secretaria de Segurança Pública.
Os parlamentares solicitaram que a denúncia seja recebida e processada por um tribunal misto presidido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Cabe ao presidente da Assembleia Legislativa, André do Prado (PL), decidir se aceita o pedido.
Os deputados também pediram explicações de Derrite sobre a escalada de violência policial.
A reportagem do g1 procurou a SSP e o governo de São Paulo sobre o pedido de impeachment, mas não obteve resposta até o fim da reportagem.
O Portal iG
abre ressalta que o espaço está aberto para o SSP, governo de São Paulo e ao Guilherme Derrite se manifestarem.
Casos de violência
Um dos episódios de maior repercussão foi o de um homem arremessado de uma ponte por um policial militar na Zona Sul de São Paulo, no domingo (1º). O policial está preso por determinação da Justiça Militar.
Outro caso envolveu a morte de um estudante de medicina, baleado à queima-roupa durante uma abordagem policial. Ambos os incidentes foram registrados por câmeras.
Na cidade de Barueri, uma mulher de 63 anos foi agredida e seu filho sofreu um golpe de mata-leão durante uma abordagem na garagem de sua casa. A prática é proibida pela Polícia Militar desde 2020.
Câmeras corporais e ações do governo
Tarcísio reconheceu que mudou sua posição sobre o uso de câmeras corporais pelos policiais. "Eu tinha uma visão equivocada. Hoje estou completamente convencido de que é um instrumento de proteção da sociedade e do policial", afirmou, prometendo ampliar o programa.
O governador também anunciou reciclagem para toda a tropa policial e modernização nos procedimentos. "Vamos repassar os treinamentos, publicizar os procedimentos operacionais e fazer com que isso seja internalizado", disse.
Dados do Ministério Público apontam aumento de 46% nas mortes cometidas por policiais militares em São Paulo até 17 de novembro, em comparação ao ano passado.