A Polícia Federal decidiu nesta sexta-feira (8), inidicar Pablo Marçal (PRTB) pelo uso de documentos falsos contra Guilherme Boulos (PSOL) durante as eleições para a prefeitura de São Paulo em 2024.
Marçal publicou, nas redes sociais, um laudo médico falso no dia 4 de outubro, antevéspera do primeiro turno das eleições. Nele, afirmava que o concorrente do partido opositor teria usado cocaína.
O ex-candidato a prefeito prestou um depoimento de três horas de duração na Superintendência Regional da PF na Lapa, zona Oeste da capital.
Policia acha indícios de crime
Para uma pessoa ser indiciada pela PF, é necessário que haja pelo menos indícios de um crime. Marçal , no entando, negou ter cometido algum crime, e colocou a culpa na equipe, que teria postado o laude sem ele saber.
Poucos dias após a publicação nas contas de Marçal, a PF começou uma investigação. Três dias depois, concluiu que a assinatura no laudo médico que supostamente pertenceria a Guilherme Boulos era falsa.
O laudo estava em nome do médico José Roberto de Souza . A polícia investigou documentos emitidos ao longo de vários ans pelo médico, e percebeu que a assinatura era falsa. O homem morreu em 2022, mas a filha dele negou que ele tivesse trabalhado na clínica que teria emitido laudo.
Sobre a assinatura falsa , a PF disse: “Verificou-se a prevalência das dissimilaridades entre a assinatura questionada e os padrões apresentados, tanto nas formas gráficas, quanto em suas gêneses, não havendo evidências de que tais grafismos tenham sido escritos por uma mesma pessoa. As evidências suportam fortemente a hipótese de que os manuscritos questionados não foram produzidos pela mesma pessoa que forneceu os padrões.”
Processo contra Marçal
A responsável por abrir um processo criminal contra Marçal é Carla Maria de Oliveira e Souza, filha do médico cuja assinatura foi considerada falsificada. Ela protocou a ação contra o coach no sábado (05/10), e espera que ele se torne inelegível.
Boulos abriu, no mesmo dia mas sem ligação direta, um pedido de prisão e cassação da candidatura de Marçal.
O documento compartilhado nas redes de Marçal afirmaria que o médico José teria atendido Boulos, dentro da clícina Mais Consultas, em um surto por uso de cocaína.
A filha dele aponta, porém, que o pai era hematologista (cuida principalmente de sangue e medula óssea), nunca trabalhou em tal clínica, e não praticava mais medicina na época da assinatura do laudo. (Veja detalhes das inconscistências).
Além disso, a outra filha do médico, Aline, tem tatuada a assinatura do pai, e disse para TV Globo : "Não entendo como foi cair o nome e CRM do meu pai. Não entendi até porque meu pai não estava ligado em questões políticas, nunca esteve. É descabível usar o nome de quem nem está mais aqui para se defender. Sempre foi uma pessoa íntegra."
Marçal banido
Na época da publicação do laudo falso contra Boulos , Marçal precisou remover, por ordem da Justiça Eleitoral, todas as informações falsas da internet. Ele perdeu as contas no Twitter, teve Instagram suspenso e precisou tirar vídeo do YouTube do ar.