O presidente Luiz Inácio Lula da Silva gesticula durante reunião de gabinete em Brasília, 31 de outubro de 2024
Sérgio Lima
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva gesticula durante reunião de gabinete em Brasília, 31 de outubro de 2024


Nesta sexta-feira (1°), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destacou a necessidade de diálogo para resolver o impasse no conflito entre Rússia e Ucrânia e sugeriu um referendo sobre territórios em solo ucraniano. Ele também defendeu que “falta conversa entre os dois lados” e que a comunidade internacional deve atuar como mediadora nesse debate.

O presidente comentou sobre a cúpula do G20, que ocorrerá em novembro no Rio de Janeiro, afirmando que o conflito no Leste Europeu não deve fazer parte da pauta.

“Nós temos dois pequenos problemas. Nós não convidamos o [presidente da Ucrânia, Volodymyr] Zelensky para participar, e o [presidente da Rússia, Vladimir] Putin não vai participar. Nós não achamos que esse fórum do G20 será espaço para discutir a guerra entre os dois países. Achamos que esse fórum é para discutir os temas abordados no último G20”, relatou.

Lula também chamou a atenção para o papel da ONU (Organização das Nações Unidas) no conflito, afirmando que a instituição precisa de uma participação mais atuante. Ele defendeu que “o Conselho de Segurança precisa de mais estrutura, poder e credibilidade para discutir a guerra na Ucrânia”.

O presidente reforçou a importância da diplomacia internacional, buscando uma solução pacífica para o conflito: “Não vai ser no G20 que a gente vai discutir esse assunto. E acho que os companheiros Putin e Zelensky não virão a esse encontro. Não virão. E eu acho que isso é importante, porque nós queremos discutir outras coisas que são importantes para a humanidade”.

O G20, que reúne dois terços da população mundial, cerca de 85% do PIB global e 75% do comércio internacional, tem sido foco de esforços do Brasil em três áreas principais: desenvolvimento sustentável, reforma das instituições multilaterais e combate à fome, pobreza e desigualdade.

Neste contexto, Lula e o presidente da China ofereceram mediação nas negociações de paz entre os dois países.

Um dos pontos levantados por Lula foi a proposta de realizar um referendo nas regiões ocupadas para resolver a disputa territorial de forma pacífica. Ele questionou: “Eu fico imaginando que falta conversa entre as pessoas. Eu fico pensando: a Rússia diz que o território que eles estão ocupando é russo. A Ucrânia diz que é deles. Por que ao invés disso, não se faz um referendo para saber com quem o povo quer ficar?”.

O presidente brasileiro enfatizou que “seria muito mais simples, muito mais democrático e muito mais justo deixar o povo decidir. Consultar o povo pra saber com quem eles querem ficar”.


Rússia x Ucrânia

A Rússia já promoveu, em setembro de 2022, uma votação em quatro regiões da Ucrânia (Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson) para anexá-las ao seu território.

Segundo o governo russo, 96% dos moradores dessas regiões escolheram ser anexados, no entanto, Kiev e os países do Ocidente não reconheceram esses resultados, considerando-os uma farsa.

A anexação resultou em consequências diretas, com o chefe do Parlamento russo afirmando que as áreas seriam integradas à Rússia, além do avanço das forças russas em território ucraniano.

Atualmente, os russos controlam a Crimeia (anexada em 2014), cerca de 80% do Donbas e mais de 70% das regiões de Zaporizhzhia e Kherson. As reações internacionais foram de condenação à anexação, com a ONU afirmando que as ações unilaterais da Rússia não têm valor legal.

A guerra entre russos e ucranianos está entrando em uma fase considerada perigosa, com o avanço das forças russas e a preocupação do Ocidente sobre o desfecho do conflito.

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