O Ministério das Relações Exteriores recebeu, nesta sexta-feira (5), os embaixadores do Gabão e de Burkina Faso . No encontro, o chefe do Cerimonial do Itamaraty, embaixador Mauro Furlan , entregou um pedido formal de desculpas após a abordagem da Polícia Militar a adolescentes negros, filhos de diplomatas, no bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro , nesta quinta-feira (4).
Na ocasião, um grupo com quatro adolescentes foi abordado de maneira truculenta por policiais militares. Dois desses jovens são filhos de diplomatas do Gabão e Burkina Faso, enquanto um terceiro é filho de um diplomata da embaixada do Canadá e o quarto é neto do jornalista Ricardo Noblat.
De acordo com a família de Noblat, a abordagem focou nos três estrangeiros - todos eram negros. "O meu sobrinho, o branco, que estava com os 3 amigos negros, também foi revistado já que estava junto, mas a abordagem foi por conta dos 3 negros, as perguntas foram sobre eles. E depois ainda recomendaram não andarem mais por lá para não sofrerem novas revistas", contou o também jornalista Guga Noblat.
Cobrança ao governo do Rio de Janeiro
Em nota, o Itamaraty confirmou que entregou o documento formal de desculpas aos embaixadores estrangeiros e disse que cobrou explicações do governo do Rio de Janeiro.
"Na reunião, foi entregue em mãos dos Embaixadores estrangeiros nota verbal com um pedido formal de desculpas pelo lado brasileiro, e o anúncio de que o Ministério de Relações Exteriores acionará o governo do estado do Rio de Janeiro, solicitando apuração rigorosa e responsabilização adequada dos policiais envolvidos na abordagem", disse.
Já a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Rio de Janeiro avisou que está apurando o caso. "A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que os policiais envolvidos na ação portavam câmeras corporais e as imagens serão analisadas para constatar se houve algum excesso por parte dos agentes", disse.
"Em todos os cursos de formação, a Secretaria de Estado de Polícia Militar insere nas grades curriculares como prioridade absoluta disciplinas como Direitos Humanos, Ética, Direito Constitucional e Leis Especiais para as praças e oficiais que integram o efetivo da Corporação", finalizou.
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