A fronteira de Foz do Iguaçu (PR) com a Argentina é uma das rotas usadas para fuga por foragidos do 8 de janeiro de 2023 . Nela, réus contrataram um táxi para pedir refúgio ao governo de Javier Milei.
Ao menos seis condenados e réus dos ataques golpistas aos Três Poderes usaram a rota Foz-Argentina nos últimos dois meses, segundo o UOL.
Um dos foragidos chegou no país argentino na garupa de uma moto após ser barrado pela Argentina na fronteira com Foz. Os outros condenados compartilharam o mesmo serviço de táxi.
Sem fiscalização
Um dos condenados a mais de 17 anos de prisão fugiu para a Argentina após quebrar a tornozeleira. Ele utilizou a rota da fronteira da Foz com o país argentino. Segundo a reportagem, não há uma fiscalização rigorosa no local.
O foragido foi de táxi. O veículo foi contratado previamente e foi pego na Rodoviária Internacional de Foz do Iguaçu para realizar a travessia. A corrida teria custado R$ 130.
Ainda, o foragido conta que houve uma inspeção em Puerto Iguazú. Ele conseguiu escapar porque seu nome não constava na lista da Interpol. No Brasil, não houve verificação de identidade nem revista por parte da Polícia Federal. Na ocasião da fuga, não havia mandado de prisão emitido contra ele.
Ele mencionou que outro fugitivo do 8 de janeiro foi impedido de cruzar a fronteira pelas autoridades argentinas. Segundo o foragido, isso se deu porque seu RG estava desatualizado. Na Argentina, cidadãos brasileiros podem usar passaporte ou RG, desde que a data de emissão não ultrapasse dez anos.
Um motociclista teria transportado um indivíduo sentenciado a 17 anos de prisão até Puerto Iguazú. A travessia foi feita por um matagal.
Os funcionários responsáveis por esta parte da fronteira brasileira confirmaram que o Brasil não realiza controle de saída do país, seja por carro, ônibus ou a pé.
Quando questionados sobre o potencial de foragidos atravessarem a fronteira, um funcionário ironizou ao mencionar que qualquer impedimento ocorreria do lado argentino, mas não do lado do Brasil.
Quatro rotas
Segundo o UOL, foram utilizadas quatro rotas pelos fugitivos.
1- Indo de São Paulo para Montevidéu, no Uruguai, de ônibus, através da fronteira do Rio Grande do Sul em Chuí, e em seguida continuando para a Argentina de ônibus.
2- Chegando ao Rio Grande do Sul e seguindo até Santana do Livramento, que faz fronteira seca com Rivera, Uruguai, e então entrando no país. A partir daí, eles podem seguir para a Argentina. Esta rota foi identificada pelo setor de inteligência da Polícia Federal.
3- Chegando ao sudoeste do Paraná ou noroeste de Santa Catarina, e utilizando as cidades de Barracão (PR) ou Dionísio Cerqueira (SC), que fazem fronteira seca com a Argentina.
4- Chegando a Foz do Iguaçu, Paraná, e tentando entrar em Ciudad del Este, Paraguai.
PRF
Allysson Simensato, coordenador de combate ao crime da PRF (Polícia Rodoviária Federal), esclareceu que a função da corporação não inclui a patrulha de fronteiras, mas sim das rodovias federais, muitas das quais levam até essas divisas.
Ele detalhou que durante abordagens, os policiais consultam o sistema público do CNJ para verificar a existência de mandados de prisão e o sistema de veículos para alertas como roubos ou restrições.
No entanto, Simensato destacou que quando ocorre a quebra de tornozeleiras e a fuga subsequente, não há tempo para a emissão de mandados de prisão, e os governos estaduais não emitem alertas.
"São várias pessoas no regime aberto usando tornozeleira e que tem essa possibilidade de burlar, arrancar. Não tem muito o que fazer em relação a isso", disse ele.
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