A Polícia Federal suspeita que o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) tenha orientado organizadores dos atos antidemocráticos por mensagens. Jordy foi alvo de buscas e apreensão na 24ª fase da Operação Lesa Pátria, nesta quinta-feira (18), mas nega as acusações.
Em mensagens interceptadas pelos investigadores, o parlamentar conversa com Carlos Victor de Carvalho, apontado pela PF como um dos organizadores de acampamentos golpistas no Rio de Janeiro. Carvalho chama Jordy de ‘meu líder’ e pede um direcionamento.
“Bom dia meu líder. Qual direcionamento você pode me dar? Tem poder de parar tudo”, envia Carvalho.
Carlos Jordy responde e dá a entender que pretendia ligar para Carlos Carvalho: “Fala irmão, beleza? Está podendo falar aí?”, escreve o parlamentar, que é respondido com “Posso irmão. Quando quiser pode me ligar”.
De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), Carlos Jordy e Carlos Carvalho trocaram mais 600 mensagens, entre áudios, textos e ligações. A maioria das conversas aconteceu entre agosto e outubro de 2022.
Entretanto, segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou os mandados de busca e apreensão contra o parlamentar, a relação entre ambos teria se manteve forte em novembro de 2022, após o segundo turno das eleições. Carlos Jordy ainda teria trocado mensagens com Carlos Carvalho em janeiro do ano passado, quando o último estava foragido por participar dos atos de 8 de janeiro.
Lesa Pátria
O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) se tornou alvo de buscas na 24ª fase da Operação Lesa Pátria, deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (18). O objetivo da investigação é identificar pessoas envolvidas nos atos golpistas de 8 de janeiro.
O mandado de busca e apreensão foi autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Os agentes da PF atuaram em endereços ligados a Jordy no Rio de Janeiro, além do gabinete do parlamentar na Câmara dos Deputados.
Além de mandados contra Carlos Jordy, a PF cumpre mais 10 mandados de busca e apreensão, sendo oito no Rio de Janeiro e dois no Distrito Federal.
Em publicação nas redes sociais, J ordy negou as acusações, disse não ter envolvimento com os atos e afirmou que o Brasil está "vivendo uma ditadura".
"Fui acordado com fuzil no rosto pela Polícia Federal. Os agentes foram até educados, diziam que estavam fazendo o trabalho deles", disse Jordy, em vídeo publicado nas redes sociais.
"Eles tavam buscando arma, celular, tablet. Tentaram buscar coisas que pudessem me incriminar, não acharam nada. Eu não sabia o que realmente era (a operação) até ter acesso a todas as notícias que estão circulando falando do 8 de janeiro", completou.
O deputado afirmou ainda que a realização das buscas é "a prova de que estamos vivendo uma ditadura", e que não teve nenhuma ligação com o que aconteceu em Brasília em 8 de janeiro de 2023.
"Em momento algum do 8 de janeiro eu incitei, ou falei para as pessoas que aquilo era correto. Pelo contrário. Em momento algum estive nos quartéis generais quando estavam acontecendo aqueles acampamentos", disse o parlamentar.