Após pesquisa Datafolha apontar que 38% da população brasileira reprova o trabalho do Supremo Tribunal Federal
(STF), o ministro Luís Roberto Barroso, presidente da corte, disse neste domingo (10) que "o valor de um tribunal não pode ser aferido em pesquisa de opinião".
Em entrevista à CNN em Dubai, onde participa da COP28, Barroso disse que a missão do STF é interpretar a Constituição e que, nesse processo, "grupos poderosos" podem ser desagradados.
"Sejam grupos econômicos, seja o governo, sejam ambientalistas, sejam agricultores ou sejam indígenas. O arranjo constitucional brasileiro faz com que cheguem ao judiciário as questões mais divisivas da sociedade brasileira. E nós precisamos decidi-las", disse Barroso. "São questões que dividem a sociedade, são questões em relação as quais existem desacordos morais razoáveis", completou.
Pesquisa datafolha divulgada neste sábado (9) mostrou que a reprovação dos brasileiros em relação ao STF aumentou de 31% para 38% desde o ano passado. A taxa de pessoas que aprova o trabalho do Supremo caiu de 31% para 27%, enquanto o índice dos que consideram regular diminuiu de 34% para 31%.
Segundo Barroso, a rejeição é "até modesta", tendo em vista os temas debatidos na corte. "O judiciário só age quando é provocado, e ele é provocado quando é enfrentada a Constituição", pontuou. "Boa parte desses 38% decorrem da incompreensão. Se as pessoas entendessem, acho que teríamos uns 90% de aprovação".
"Esse não pode ser o critério pelo qual vai se averiguar o valor de um tribunal. Um tribunal precisa fazer a coisa certa", disse Barroso. "Quando você protege minorias, você frequentemente desagrada as maiorias", completou.