O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), expressou nesta sexta-feira (20) sua preocupação em relação ao uso de um programa espião pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e o classificou como "gravíssimo".
“Pelos indícios apresentados, do uso de uma instituição de Estado para esta finalidade de perseguição política, é algo gravíssimo que deve ser exemplarmente reprimido”, comentou Pacheco.
O pronunciamento de Pacheco acontece em meio a uma operação da Polícia Federal que investiga o emprego desse programa secreto da Abin durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ).
A operação, intitulada "Última Milha," foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Até o momento, cinco servidores da Abin foram afastados de suas funções, e dois deles foram presos.
Em uma das residências, a Polícia Federal apreendeu US$ 171,8 mil em dinheiro vivo, pertencente a Paulo Maurício Fortunato Pinto, um dos servidores afastados.
O programa em questão, conhecido como "FirstMile," permitia à Abin monitorar a localização aproximada de dispositivos que utilizam redes de telecomunicações 2G, 3G e 4G.
Através da rastreabilidade dos dados transmitidos por celulares para torres de telecomunicações, a Abin conseguia identificar a localização de pessoas.
Segundo as informações do jornal O Globo, o sistema foi acionado mais de 30 mil vezes, com 2.200 desses usos relacionados a políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo Bolsonaro.
Em nota oficial, a Agência Brasileira de Inteligência declarou estar colaborando integralmente com as investigações em andamento e cumprindo todas as requisições da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal. Além disso, a Abin informou que decidiu afastar cautelarmente os servidores que estão sob investigação.