Quem é Filipe Martins, preso em operação que mira Jair Bolsonaro

Em delação premiada, Mauro Cid afirmou que Filipe Martins entregou uma minuta golpista a Bolsonaro em dezembro de 2022; entenda

Foto: Arthur Max/MRE
Quem é Filipe Martins, o ex-assessor que segundo Mauro Cid compartilhou uma 'minuta do golpe' a Bolsonaro?

Citado em depoimento por  Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de  Jair Bolsonaro (PL), o ex-assessor  Filipe Martins foi preso pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira (8). A operação apura o envolvimento na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.

Em novembro passado, Martins voltou a ser investigado por um gesto que fez durante uma sessão no Senado em 2021, em possível apologia ao racismo. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) derrubou uma decisão que o havia absolvido da acusação.

Martins atuou na Assessoria Especial de Assuntos Internacionais da Presidência durante o governo Bolsonaro, quando em junho de 2021 foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) pelo gesto considerado alusivo a movimentos de supremacistas brancos.

Quem é Filipe Martins?

Em delação à PF, Mauro Cid, que atuou como ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, relatou que o ex-presidente teria recebido, em 18 de dezembro de 2022, uma "minuta do golpe" das mãos do ex-assessor  Filipe Martins, por volta das 11 horas. Cid afirmou que esteve presente na reunião em que Martins entregou o documento a Bolsonaro, bem como na posterior reunião do ex-presidente com militares.

Veja galeria de fotos com os alvos da PF:

General Braga Netto, ex-vice-presidente.. Foto: Reprodução: Flipar
Valdemar Costa Neto, presidente do PL.. Foto: redacao@odia.com.br (Estadão Conteúdo)
Ailton Barros, chamado de 'irmão' por Bolsonaro.. Foto: redacao@odia.com.br (Estadão Conteúdo)
General Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa.. Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados
General Augusto Heleno, ex-ministro do GSI.. Foto: Lula Marques/Agência Brasil
Marcelo Câmara, coronel do exército e ex-assessor de Bolsonaro.. Foto: Reprodução
Tercio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro.. Foto: Reprodução/redes sociais
Almirante de Esquadra Almir Garnier Santos (Marinha do Brasil).. Foto: Redes sociais
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça.. Foto: Reprodução: Flickr
General Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira.. Foto: Aleam/Flickr
Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro.. Foto: Reprodução: Redes Sociais
Filipe Martins aparece em sessão executando possível gesto de apologia a supremacia branca.. Foto: reprodução/tv senado

A agenda oficial de Bolsonaro indica a ausência de compromissos oficiais no dia. Cid mencionou a presença de um advogado constitucionalista e um padre na reunião com Martins, porém o e-mail não menciona outros participantes.

De acordo com Cid, Bolsonaro teria compartilhado uma parte da minuta considerada subversiva com os líderes das três Forças Armadas, sendo que somente  Almir Garnier,  ex-comandante da Marinha, se manifestou a favor da ideia. As trocas de e-mails sugerem que a reunião confidencial com Garnier encerrou-se às 11 horas, pouco antes do encontro entre Martins e Bolsonaro.

Filipe Martins, conhecido inicialmente por ser discípulo de Olavo de Carvalho, desempenhou o papel de assessor especial da Presidência para assuntos internacionais durante a gestão de Bolsonaro.

Nas eleições de 2022, Martins utilizou as redes sociais para compartilhar discursos alinhados ao bolsonarismo , os quais questionavam a segurança das urnas eletrônicas. Entretanto, após a derrota de Bolsonaro para Lula (PT),  o ex-assessor cessou suas publicações nas redes.

Um episódio notório envolvendo o ex-assessor ocorreu em 2021, quando foi flagrado fazendo o gesto conhecido como  "White Power" (Poder Branco) com as mãos durante sessão televisionada no Senado, embora negue as acusações.

O gesto é associado a movimentos supremacistas brancos nos Estados Unidos. Em razão da acusação, Filipe Martins foi denunciado pelo MPF. Ele havia sido absolvido pelo juiz Marcus Vinicius Reis Bastos, da 12ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, que considerou que não havia justa causa para a abertura do processo. No entanto, em novembro de 2023, o TRF-1 derrubou a decisão do juiz e reinstalou a investigação contra Martins.