O tenente-coronel Mauro Cid revelou em sua delação premiada à Polícia Federal que o ex-comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier, teria manifestado apoio a um plano golpista em discussões internas das Forças Armadas. Segundo Cid, o Alto Comando militar não endossou a proposta.
De acordo com as informações prestadas pelo ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) , após a derrota no segundo turno das eleições, o ex-presidente recebeu uma minuta de um decreto presidencial, que teria sido entregue por seu então assessor Filipe Martins. O documento visava convocar novas eleições e também incluía ordem de prisão de adversários políticos.
Cid alega que Garnier teria participado de reuniões com Filipe Martins e outros militares para oferecer o apoio das tropas de Marinha para a tentativa de um golpe de Estado.
Quem é Almir Garnier Santos
- Nasceu em 22 de setembro de 1960, no Rio de Janeiro.
- Ingressou na Marinha em 1981 e alcançou o posto de almirante de esquadra em 2018.
- Foi nomeado comandante da Marinha em abril de 2021 pelo presidente Bolsonaro.
- Antes de comandar a Marinha, serviu como assessor para ministros de governos anteriores, incluindo Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).
Militar bolsonarista e rebelde
Garnier protagonizou uma cena longe de ser considerada ‘diplomática’ ao se recusar a participar da cerimônia de passagem de comando da Marinha após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022.
O comportamento foi visto como uma expressão de “decepção” com a vitória de Lula. O militar programou entregar o cargo em 28 de dezembro, antes mesmo da troca de comando na Presidência. No entanto, após uma reunião do Alto Comando da Marinha, ele concordou em entregar o cargo em janeiro.
As investigações apontam que Garnier também teria dado ordens para que servidores da Marinha do Brasil direcionassem veículos militares para um desfile em Brasília horas antes da votação sobre o voto impresso, enquanto Arthur Lira, presidente da Câmara, conduzia a votação no plenário.
Suspeita de prática de nepotismo entre seus familiares
A esposa do ex-comandante, Selma Foligne Crespio de Pinho, foi contratada pelo governo Bolsonaro após se aposentar da Marinha em 2019, ocupando um cargo na Secretaria-Geral da Presidência.
Seu filho, Almir Garnier Santos Junior, também foi contratado pelo governo Bolsonaro em 2019, após seu pai assumir o comando do Ministério da Defesa, para um cargo na Emgepron, vinculada ao Ministério da Defesa.