A recente exoneração do secretário-executivo da Agricultura de São Paulo, Marcos Boettcher, trouxe à tona debates sobre o desempenho e a possível reestruturação no governo. O governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), explicou que a saída de Boettcher foi motivada pelo desempenho insatisfatório da pasta que ele coordenava.
Tarcísio fez uma analogia entre sua equipe governamental e um time de futebol, comparando a atuação de seus integrantes a um conjunto de jogadores. O governador mencionou que, assim como em um clube, ele realiza substituições quando identifica que a equipe está enfrentando cansaço ou não atingindo os resultados esperados.
A exoneração de Marcos Boettcher foi oficializada no Diário Oficial de São Paulo, e a decisão veio após uma série de pressões e conflitos internos na Secretaria de Agricultura. A atual gestão da pasta enfrenta desafios relacionados à lentidão na implementação de políticas em áreas como conectividade, crédito e regularização fundiária.
Antônio Junqueira, titular da Secretaria de Agricultura, também está sob avaliação para uma possível substituição. A mudança na equipe de gestão é vista como uma medida para reestruturar as ações da pasta e melhorar sua eficiência.
Vale ressaltar que Boettcher havia entregado um relatório ao Tribunal de Contas de São Paulo denunciando irregularidades na construção de estradas do programa Melhor Caminho.
Esse fato gerou tensões entre os grupos de Boettcher e do ex-secretário da pasta, Itamar Borges, especialmente em relação à criação de um grupo de trabalho para tratar das irregularidades do programa. A medida foi revogada pelo governador após sua implementação em 18 de agosto.
Um relatório entregue ao Tribunal de Contas do Estado de São Paulo pela Secretaria de Agricultura trouxe "graves irregularidades" identificadas no programa Melhor Caminho, que tem como objetivo a construção de estradas rurais. O documento abrange o período de 2021 a 2022 e aponta para sérias falhas na execução do programa.
De acordo com as constatações do relatório, cerca de R$ 200 milhões foram pagos por obras que não foram concluídas dentro do escopo do programa. Essa situação representa um claro desvio dos recursos destinados a projetos de infraestrutura, gerando um impacto negativo tanto em termos financeiros quanto na qualidade de vida das comunidades rurais beneficiadas.
Além disso, a análise da gestão de Tarcísio identificou um montante de R$ 300 milhões gastos sem a devida observância dos protocolos de processos internos, que têm o objetivo de garantir a qualidade e a eficácia das obras realizadas. A ausência desses procedimentos gerou preocupações sobre a efetividade das despesas realizadas, levantando questionamentos sobre a adequada aplicação dos recursos públicos.
É importante destacar que os atos irregulares se desenrolaram nas administrações de João Doria e Rodrigo Garcia, ambos filiados ao PSDB. Até o momento das revelações, não houve manifestações por parte dos gestores citados sobre as alegações de irregularidades.
Em resposta à situação, o Ministério Público abriu 147 investigações para apurar todos os detalhes e identificar os possíveis envolvidos nos supostos desvios.