O Supremo Tribunal Federal (STF) tornou réus mais 70 suspeitos de participarem dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, em Brasília. A decisão foi tomada em julgamento no plenário virtual nesta sexta-feira (18).
Entre os denunciados está Maria de Fátima Mendonça Jacinto Souza, conhecida como Fátima de Tubarão, que gravou vídeos na sede do STF em que ameaça o ministro Alexandre de Moraes. A idosa, de 67 anos, está presa desde janeiro, quando foi alvo da Operação Lesa Pátria da Polícia Federal.
Os ministros atenderam a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que viu uma tentativa de golpe de Estado na ação dos suspeitos. Os suspeitos ainda devem responder por associação criminosa armada, deterioração de patrimônio tombado e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Além de Moraes, votaram para tornar os suspeitos réus os ministros Edson Fachin, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes, além das ministras Rosa Weber e Carmen Lúcia.
André Mendonça e Kassio Nunes Marques defenderam que as ações deveriam ser julgadas em primeira instância.
Os 70 suspeitos se juntam aos outros 1.295 réus pela participação dos ataques em Brasília. A Suprema Corte ainda deve analisar o caso de mais 25 denunciados pela PGR.
Ataques em Brasília
Os prédios do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF) foram invadidos por bolsonaristas na tarde de 8 de janeiro. Eles protestaram contra a vitória de Lula e o uso das urnas eletrônicas.
No dia anterior, caravanas de bolsonaristas chegaram à Brasília para o ato. O ministro da Justiça, Flávio Dino, chegou a solicitar o uso da Força Nacional para manter a segurança da Praça dos Três Poderes.
No Congresso, os manifestantes vandalizaram o salão verde da Câmara dos Deputados e invadiram o plenário do Senado. Já no Planalto, os suspeitos quebraram portas e tentaram invadir o gabinete presidencial.
Na Suprema Corte, os manifestantes tentaram invadir os gabinetes dos ministros, quebraram as portas dos armários onde ficam as togas, além de quebrar vidraças e vandalizar a fachada do prédio.
Cerca de mil pessoas foram presas e levadas para a carceragem da Polícia Federal na capital. Algumas já foram liberadas por decisões do STF, enquanto outros ainda aguardam o pedido de habeas corpus.