Reunião no escritório de Torres pode incriminar Bolsonaro; entenda

Polícia Federal investiga encontro entre Bolsonaro e Anderson Torres

Foto: Reprodução
Anderson Torres ao lado de Jair Bolsonaro


Uma reunião realizada no escritório do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, vem à tona como uma peça crucial no que pode ser uma conexão entre o governo Bolsonaro e a "Operação Eleições 2022", antes considerada uma iniciativa isolada do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques.

Segundo informações da colunista Malu Gaspar, do O Globo, a Polícia Federal concentra seus esforços na investigação dos detalhes dessa reunião, visando esclarecer o possível envolvimento de Anderson Torres e do ex-presidente Jair Bolsonaro na coordenação dos bloqueios nas estradas. Esses bloqueios teriam tido como objetivo interferir na circulação de eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva no Nordeste durante o segundo turno das eleições.

Participaram dessa reunião no Ministério da Justiça Silvinei Vasques, Luis Carlos Reischak, Marília Alencar e outros membros da Polícia Federal.

O objetivo de Torres, na época ministro da Justiça, era mobilizar todos os órgãos subordinados à pasta, em especial a Polícia Federal, para a realização de bloqueios nas estradas sob a justificativa de combate à compra de votos no segundo turno das eleições.

Um dos desdobramentos dessa reunião foi a encomenda, por parte de Torres, de um boletim de inteligência a Marília Alencar. Esse boletim tinha como propósito mapear os locais onde Lula havia obtido mais de 75% dos votos. Durante a reunião realizada em 19 de outubro, esse boletim foi apresentado.

Mensagens obtidas dos celulares de Marília e do diretor de inteligência da PRF trazem relatos sobre a convocação de Torres e o horário da reunião. A Polícia Federal dispõe de informações adicionais e até mesmo imagens relacionadas ao evento.

Depoimentos de Silvinei Vasques e Marília Alencar estão agendados, assim como os depoimentos de outros agentes da Polícia Federal presentes na reunião realizada no Ministério da Justiça.


Outro indício que está sendo levado em consideração pela Polícia Federal para estabelecer uma possível ligação entre Torres, Bolsonaro e o planejamento dos bloqueios nas estradas é uma viagem realizada pelo ministro à Bahia.

Durante essa viagem, Torres se reuniu com autoridades da Polícia Federal, ordenando pessoalmente a participação da instituição na operação, inclusive o uso de equipes e recursos de inteligência.

Inicialmente, estava planejada uma entrevista coletiva no dia da votação, contudo, a ausência da participação da Polícia Federal da Bahia na operação impediu que isso acontecesse.

A intensa atividade da Polícia Rodoviária Federal nas estradas resultou na intervenção do ministro Alexandre de Moraes, que ordenou a interrupção da operação sob ameaça de multa e afastamento do cargo do diretor-geral da PRF.