Raquel Dodge, ex-procuradora-geral da República
José Cruz/Agência Brasil
Raquel Dodge, ex-procuradora-geral da República


Raquel Dodge, ex-procuradora-geral da República, afirmou que teve dificuldades para acessar documentos relacionados à investigação  dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes. 

De acordo com Dodge, um dos motivos para os empecilhos de ter acesso aos documentos da investigação que estava sob os cuidados da Justiça do Rio de Janeiro foi a negação da federalização do caso após solicitação feita pela então procuradora-geral. 

Em entrevista concedia ao UOL, a jurista ressaltou que em 2019 precisou pedir para que uma procuradora-chefe regional do Rio para conduzir o processo de acesso aos autos da investigação, acesso esse que já havia sido autorizado pelo Superior Tribunal de Justiça carioca. Contudo, a 28ª Vara Criminal do Rio dificultava o envio dos documentos.


"Eu sei que, no fim, a doutora Márcia Morgado teve que ir dentro dos Correios, retirou os autos de lá e me mandou pelo malote. Chegou no meu gabinete às 22h, a poucos dias de terminar meu mandato", pontuou Raquel. 

A autorização foi emitida pelo STJ no dia 29 de agosto de 2019, enquanto o processo referente às investigações das mortes da vereadora e do motorista só chegaram à PGR no dia 11 de setembro, dois dias antes do término do mandato de Dodge.

Pedido de federalização

Raquel Dodge protocolou o pedido de federalização do caso ao STJ em setembro de 2019, pedido esse que foi negado pela Terceira Seção do tribunal em maio do ano seguinte. 

Ele pontua que alguns motivos foram cruciar para a realização da solicitação, como os baixos índices de solução de homicídios no Rio de Janeiro e o fato da segurança pública do estado estar sob intervenção federal. 

"No final, eu pedi o incidente de deslocamento porque havia várias evidências. O Rio sob intervenção federal significava que os índices de desvendamento de homicídios já eram muito baixos. A intervenção era um sinal eloquente de que havia essa incapacidade", destacou. 

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"Havia provas no inquérito da Polícia Federal de que os verdadeiros culpados não eram aqueles inicialmente apontados contra os quais a denúncia já estava sendo preparada. Uma série de coisas que foram se somando", complementou.

Passados mais de cinco anos do crime que chocou o país no dia 15 de março de 2018, a ex-procuradora-geral da República ressalta que sempre soube que a entrada da Polícia Federal no caso daria novos rumos às investigações.

"Tomara que a gente finalmente saiba qual a motivação, o mandante e os intermediários. É importante para o país e para a democracia. Não é corriqueiro matar um membro do Legislativo", disse. 

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