A Polícia Federal encontrou contradições nos depoimentos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do senador Marcos do Val (Podemos-ES) sobre a reunião para a elaboração de um plano golpista. Segundo a corporação, a divergência está na abordagem do encontro realizado no Palácio do Alvorada.
Bolsonaro informou que se reuniu com Marcos do Val após um pedido do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), mas disse que o assunto não foi tratado. Entretanto, o ex-presidente declarou que recebeu uma mensagem do senador que foi enviada ao ministro Alexandre de Moraes sobre a trama.
Já Marcos do Val declarou que se encontrou com Jair Bolsonaro e que o assunto entrou em pauta através de Silveira. Segundo o parlamentar, Bolsonaro se manteve em silêncio e insinuou ser contrário ao plano golpista.
O senador afirmou que apenas ele, Bolsonaro e Daniel Silveira participaram do encontro. Do Val ainda disse que o ex-presidente teria ficado surpreso com a ideia, o que indicaria que ele não sabia sobre o plano.
O trio é suspeito de articular um plano golpista para comprometer o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A ideia seria grampear um encontro entre o parlamentar e Moraes para induzi-lo a falar algo que pudesse anular as eleições de 2022. O esquema foi denunciado pelo próprio Marcos do Val, em uma entrevista concedida à revista Veja em fevereiro de 2023.
Ele, porém, mudou a versão em diversas oportunidades e chegou a afirmar que mentiu para “despistar a imprensa”. Após as declarações, a PF realizou uma operação em endereços ligados ao senador.
Os investigadores querem comparar os dois depoimentos de Do Val com a de Bolsonaro e Silveira. Ainda não está descartada uma nova oitiva com o Jair Bolsonaro e Daniel Silveira.