O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou nesta quarta-feira (12) ter participado de um plano golpista junto ao senador Marcos do Val (Podemos-ES) e disse não ter vínculo com o parlamentar. Bolsonaro disse não haver interesse em uma trama golpista e afirmou não ter tratado sobre o tema.
Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal nesta quarta e reafirmou não ter participação do esquema. Aos jornalistas, o ex-presidente admitiu que se reuniu com o parlamentar no dia 8 de dezembro, mas disse ter ficado em silêncio no encontro.
"Por que iria articular uma trama com o senador que eu nunca tinha visto? O Alvorada sempre esteve aberto a todos que me procuravam", afirmou.
Marcos do Val acusou Bolsonaro de tentar convencê-lo a arquitetar um plano de golpe de Estado. O encontro, segundo o senador, teria acontecido em dezembro, quando ouviu do deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) a ideia de grampear uma conversa para comprometer o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Semanas depois, o senador disse que a reunião não aconteceu e que teria anunciado a trama golpista para "despistar a imprensa". A PF chegou a realizar uma operação em endereços ligados ao parlamentar e apreendeu computadores, celulares e documentos.
Bolsonaro e seu assessor, Fábio Wajngarten, apresentaram um print de uma mensagem enviada por Do Val a Moraes, em que pede um encontro com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No texto, o senador acusa Daniel Silveira de se movimentar para prender o ministro do STF.
"Boa noite, ministro. Desculpa incomodar no horário de descanso. Acabei de pousar no meu estado, só retorno para Brasília na terça-feira, mas preciso adiantar uma parte do encontro que considero de alto grau de importância. Quem está fazendo toda a movimentação para levá-lo à perda de função de ministro e até ser preso é o DS [Daniel Silveira]. O PR [Presidente da República] não está fazendo nenhum movimento neste sentido. O DS está tentando convencê-lo, dizendo ao PR que eu consegui adquirir as peças", enviou Marcos do Val.
Segundo a defesa de Bolsonaro, o ex-presidente teria respondido "coisa de maluco" ao senador e não teria mais tocado no assunto.
Questionado se acreditava que o senador tivesse mentido sobre o caso, Bolsonaro evitou acusar Marcos do Val e disse que o parlamentar deverá "responder por suas ações". O ex-presidente ainda negou ter cogitado denunciar o senador pelo envio da mensagem.