Os ataques golpistas de 8 de janeiro deixaram um rastro para além da imoralidade do flerte com regimes autoritários, trazendo um prejuízo total de R$ 20,6 milhões o governo brasileiro na figura do Supremo Tribunal Federal (STF), Palácio do Planalto e Congresso Nacional.
De acordo com informações das instituições, o STF foi o órgão mais afetado, registrando um prejuízo de R$ 11,4 milhões. Isso até o momento, pois considera-se tanto os gastos já realizados quanto as estimativas futuras. Em seguida, vem o Congresso , com R$ 4,9 milhões (R$ 2,7 milhões na Câmara e R$ 2,2 milhões no Senado ), e o Planalto , com R$ 4,3 milhões.
O valor total de todas as perdas não está fixo e pode aumentar, já que que existem custos, mesmo após seis meses dos eventos, ainda não estimados. Um exemplo disso é o caso do relógio francês do século 18, presente da corte francesa a dom João 6º, que foi lançado ao chão duas vezes durante os ataques.
Os dados foram divulgados pelo jornal Folha de S. Paulo hoje (05), por meio da Lei de Acesso à Informação e também com a CPI do 8 de janeiro. O homem que danificou o relógio de dom João 6º foi identificado como Antonio Claudio Alves Ferreira e preso pela Polícia Federal em 23 de janeiro na cidade de Uberlândia (MG).
Custos mais onerosos de restauro e recuperação de obras de arte
Os maiores gastos relacionados à restauração de obras de arte danificadas estão no Poder Executivo. A Coordenação-Geral de Gestão Patrimonial da Presidência identificou danos em 24 obras, sendo que o valor de 15 delas já foi avaliado em um montante de R$ 3,5 milhões. No que diz respeito à estrutura do Palácio, o maior custo mais oneroso foi para substituir os vidros quebrados pelos vândalos (R$ 204 mil).
Itens desaparecidos
Há uma lista enorme de 149 itens desaparecidos, com oito armas de choque do tipo spark elite 22.0, equipamentos de saúde (estetoscópio, nebulizador e glicosímetro), algemas, poltronas, gaveteiros e outros objetos.
No Senado , a maior despesa está relacionada à restauração de uma pintura a óleo do século 19, que retrata o "Ato de Assinatura da Primeira Constituição". A obra, com 2,90 x 4,41 metros e moldura em jacarandá maciço folheado a ouro, foi danificada quando os vândalos tentaram derrubá-la, pendurando-se nela. A restauração completa, incluindo a moldura, está estimada em R$ 800 mil.
Ações judiciais já foram iniciadas pela Advocacia-Geral da União (AGU) na tentativa de buscar o ressarcimento dos danos aos cofres públicos. Mais de cem pessoas e empresas, incluindo aquelas acusadas de financiar o transporte dos apoiadores de Bolsonaro a Brasília, tiveram seus bens solicitados para indisponibilidade.
O dia 8 de janeiro de 2023 marcou um dos episódios mais críticos da história da República. Até o momento, 1.290 pessoas tiveram a denúncia aceita pelo STF e se tornaram rés nos processos. Uma CPI Mista foi instalada e ocorre no Congresso Nacional para investigar os responsáveis por financiar o atentado à democracia e às instituições brasileiras.