Bolsonaro nega adulteração em cartão de vacina e diz que é operação da PF é para 'criar fato'
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Bolsonaro nega adulteração em cartão de vacina e diz que é operação da PF é para 'criar fato'


A Polícia Federal declarou em relatório que o usuário do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) emitiu no aplicativo ConecteSUS certificados de vacinação contra Covid-19 . Um dos documentos foi emitido um dia depois inclusão de informações falsas no sistema.

Também houve a emissão de certificado pela conta da filha do ex-presidente no aplicativo em 27 de dezembro, em inglês. No dia 28, ela viajou para os Estados Unidos com Michelle Bolsonaro. Dois dias depois, foi a vez do capitão da reserva embarcar ao país norte-americano.

Os investigadores da PF afirmam que, em 21 de dezembro de 2022, foram inseridos dados sobre a aplicação de duas doses da vacina da Pfizer contra Covid-19 no Bolsonaro. Depois que é feito o lançamento no ConecteSUS, o usuário pode gerar um comprovante de imunização.

Em 27 de dezembro, por volta das 21h, as informações foram removidas do sistema pela servidora Claudia Helena Acosta Rodrigues Da Silva. Em sua defesa, a profissional relatou que cometeu um “erro”.

A PF colocou no relatório que os quatro certificados de vacinação foram emitidos pelo usuário ligado a Bolsonaro. Os comprovantes, emitidos em 22 e 27 de dezembro, diziam que o imunizante usado era a Pfizer.

Já os outros dois documentos foram emitidos depois que houve a remoção dos dados. Os certificados, feitos em 30 de dezembro de 2022 e 14 de março deste ano, não apresentavam mais informações sobre doses da Pfizer, mas sim da Janssen.

A PF ainda informou que a conta do ex-presidente no ConecteSUS foi acessada em 22 e 27 de dezembro de 2022 com o uso da conexão do Palácio do Planalto. No dia 30, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, braço direito de Bolsonaro, acessou o aplicativo pelo celular.

Depois que o primeiro certificado foi emitido, a conta passou a ser vinculada ao e-mail de outro assessor do ex-governante, Marcelo Costa Câmara. Ele esteve na comitiva que viajou com Bolsonaro aos Estados Unidos entre dezembro do ano passado e março de 2023.

Diante de todas essas informações, a PF argumenta que há indícios fortes que mostram que os certificados de vacinação foram emitidos por pessoas ligadas a Bolsonaro. “Não se evidenciou qualquer fato suspeito relacionado à utilização indevida do usuário do ex-Presidente da República, por terceiros não autorizados”, pontuou.

Na avaliação dos policiais federais, os assessores sabiam “da inserção fraudulenta dos dados de vacinação, se quedando inertes em relação a tais fatos até o presente momento".

O caso

Nesta quarta, a PF realizou operação de busca e apreensão em um endereço ligado a Bolsonaro em Brasília, no Jardim Botânico, onde ele mora com Michelle Bolsonaro. Na ocasião, o celular de Bolsonaro foi apreendido pelos agentes.

A corporação cumpre 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, no Rio de Janeiro e em Brasília. Todas as prisões foram realizadas até as 7h.

As ações são parte da chamada Operação Venire, que investiga a prática de crimes na inserção de dados falsos sobre a vacinação contra a Covid-19 nos sistemas públicos do Ministério da Saúde.

O objetivo da fraude seria garantir a entrada de Bolsonaro, familiares e assessores nos Estados Unidos, que pede a vacinação obrigatória para entrar no país. O ex-presidente ficou três meses no país,  deixando o Brasil em 30 de dezembro de 2022 e  retornando somente em 30 de março deste ano.


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