O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a dizer nesta terça-feira (21) que não deve respeitar a lista tríplice para a Procuradoria-Geral da República (PGR) e ressaltou que a indicação para o Supremo Tribunal Federal (STF) é de sua prerrogativa. As declarações foram dadas em entrevista ao portal Brasil 247.
Lula negou que indicará ministros por serem amigos e evitou adiantar nomes. O petista, porém, elogiou o advogado Cristiano Zanin, favorito para a vaga de Ricardo Lewandowski, a quem chamou de "revelação jurídica".
"Eu não vou indicar um ministro por ser meu amigo. Eu não quero indicar um ministro para fazer coisa para mim. Eu quero indicar um ministro da Suprema Corte que seja uma figura competente do ponto de vista jurídico e que esse cidadão exista lá para que a Constituição da República seja respeitada. É isso", afirmou Lula.
"O Zanin foi uma grande revelação jurídica nesses últimos anos, uma revelação extraordinária, fez coisas que outros advogados não fariam", concluiu.
Zanin foi advogado de Lula durante os processos em que o petista respondia na Operação Lava Jato.
Embora tenha Zanin na frente da disputa, Lula disse não ter tomado uma decisão. Ele ressaltou não haver "compromisso oficial" com nenhuma autoridade sobre as indicações ao Judiciário.
"Não sei quem eu vou indicar, não tenho compromisso oficial com ninguém. É um problema meu e, quando tiver que tomar decisão, vou sentar sozinho e enviar a indicação ao Senado", declarou.
Lista tríplice fora do páreo
Lula reforçou nesta terça que não irá respeitar a lista tríplice enviada a cada dois anos pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). O petista creditou a decisão a atuação do Ministério Público durante a Lava Jato.
Para o petista, o MP foi parcial e atuou de forma "irresponsável" na condição dos processos.
"O MPF tem que saber que não vou escolher da lista tríplice pela irresponsabilidade da força-tarefa do Paraná [da operação Lava Jato], que foi moleque, prejudicou a imagem do MPF, quase destruíram a imagem de seriedade do MPF", afirmou.
Como o iG já mostrou, procuradores da República tem se mostrado preocupados com essa decisão de Lula. Fontes ouvidas pela reportagem apontam a possibilidade do MP ficar "nas mãos" do Planalto e causar um novo "efeito Aras", em referência ao atual procurador-geral da República, Augusto Aras.
Aras é visto internamente como um mensageiro do ex-presidente Jair Bolsonaro e foi responsável pelo engavetamento de diversas denúncias contra ele. O procurador chegou a ser apelidado pela cúpula petista e por procuradores de "engavetador-geral da República".