O Jornal Nacional exibiu nesta quinta-feira (9) o local em que as joias de diamantes estão retidas. Os itens foram colocados em um depósito da Receita Federal , localizado em uma área de segurança do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
De acordo com a reportagem do programa da TV Globo, as joias, guardadas em uma caixa de couro e revestidas de veludo, são vigiadas 24 horas por dia, o acesso é restrito e ficam dentro de um cofre.
A caixa tem um tamanho médio e possui o nome de uma joalheria suíça, conhecida por ser uma das mais caras e badaladas do mundo. O colar é feito em ouro branco e tem pingentes cravejados de diamantes.
O governo da Arábia Saudita também entregou para a gestão Bolsonaro um par de brincos, um anel e um relógio de pulso feitos em ouro com pedras preciosas. O conjunto custa R$ 16,5 milhões. Os produtos deveriam ter sido anexados no acervo do estado brasileiro.
“A fiscalização da Receita Federal é feita por critérios técnicos e impessoais e análise técnica. Existe um sistema desenvolvido pela Receita Federal que faz o cruzamento de dezenas de dados de todos os voos que desembarcam no Aeroporto de Guarulhos. Esse cruzamento, aliado a uma equipe de inteligência, indica os passageiros com possível risco aduaneiro que devem ser vistoriados”, explicou Mario de Marco Rodrigues de Souza, delegado da alfândega da Receita em Guarulhos.
Entenda o caso
Segundo uma reportagem de "O Estado de S. Paulo", um primeiro pacote de joias, avaliado em R$ 16,5 milhões, foram entregues pelo governo da Arábia Saudita para Michelle Bolsonaro, que visitou o país árabe em outubro de 2021. Entre os presentes, estavam um anel, colar, relógio e brincos de diamantes.
Entretanto, ao chegar ao país, as peças foram aprendidas na alfândega do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, na mochila de um assessor de Bento Albuquerque, então ministro de Minas e Energia. Ele ainda tentou usar o cargo para liberar os diamantes, entretanto, não conseguiu reavê-los, já que no Brasil a lei determina que todo bem com valor acima de US$ 1 mil seja declarado.
Diante do fato, o governo Bolsonaro teria tentado quatro vezes recuperar as joias, por meio dos ministérios da Economia, Minas e Energia e Relações Exteriores. O então presidente chegou a enviar ofício à Receita Federal, solicitando que as joias fossem destinadas à Presidência da República.
Na última tentativa, três dias antes de deixar o governo, um funcionário público utilizou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para se deslocar até Guarulhos. Ele teria se identificado como “Jairo” e argumentado que nenhum objeto do governo anterior poderia ficar para o próximo.
Bolsonaro confessa receber joias
Na quarta (8), Jair Bolsonaro admitiu, pela primeira vez, que incorporou as joias doadas pelo governo da Arábia Saudita em seu acervo pessoal. A declaração foi dada à CNN Brasil.
Segundo Bolsonaro, apenas o segundo pacote, destinado a ele, está entre os itens pessoais. O estojo entregue ao ex-presidente conta com anel, relógio, caneta e acessórios para terno. O valor dos bens ainda não foi estimado.
O ex-presidente ainda negou saber das joias destinadas à sua esposa, Michelle Bolsonaro, apreendidas pela Receita Federal em 2021. Ele ressaltou que não pediu presentes e reafirmou não ter nada ilegal no caso.
Investigações
Além da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF), a CGU também instaurou um inquérito para investigar o caso. A Receita Federal informou que deve uma sindicância para apurar as denúncias contra o ex-chefe do Fisco, Júlio César Vieira Gomes.
O ex-presidente Jair Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle e o ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque devem ser ouvidos pelos investigadores.
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