Vereadora do PSOL foi executada em março de 2018, no Rio de Janeiro
Divulgação
Vereadora do PSOL foi executada em março de 2018, no Rio de Janeiro

Embaixadores questionaram as cobranças feitas por países europeus e latino-americanos para agilizar as investigações sobre a morte da vereadora Marielle Franco e comparou o crime ao atentado contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os documentos foram divulgados após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retirar o sigilo de 100 anos em telegramas do Itamaraty.

Uma das cartas enviadas é assinada pelo embaixador do Brasil na França, Luiz Fernando Serra. Ao rebater a preocupação do Partido Socialista francês, Serra compara a morte da vereadora carioca com a facada levada por Bolsonaro quando ainda era candidato à presidência da República e faz comparações com o caso de Celso Daniel.

"A diferença do caso Marielle Franco e o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, ocorrido em 18 de janeiro de 2002, nunca foi esclarecido. Aduzi que jamais tinha sido identificado o autor intelectual da tentativa de assassinato contra o então candidato Jair Bolsonaro. E deixei registrado que estes dois crimes, tão graves quanto aqueles com os quais as parlamentares muito se preocupam, não tinham delas recebido qualquer manifestação", afirma o embaixador na carta, disponibilizada após um pedido da CNN Brasil via Lei de Acesso à Informação (LAI).

Outro embaixador que criticou as cobranças sobre o andamento das investigações do caso Marielle foi Hélio Vitor Ramos Filho, que representa o país na Itália. Ele "repudia" a reportagem feita pelo jornal Le Reppublica que reconta o crime. O jornal citou que Ronnie Lessa, ex-PM e um dos acusados de executar a vereadora e seu motorista Anderson Gomes, foi preso em uma casa no mesmo condomínio em que morava o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ramos Filho disse que as citações de Bolsonaro na reportagem são "ilações difamatória e infundadas".

"A matéria tem por objetivo exclusivo levantar suspeitas sobre a honra do Presidente da República Jair Bolsonaro, eleito democraticamente pelo povo brasileiro", afirmou.

Além de França e Itália, Bélgica, Chile e Uruguai cobraram um posicionado sobre o caso.

Marielle e Anderson foram mortos em 14 de março de 2018, no bairro do Estácio, no Rio Janeiro. Eles estavam em um carro quando foram alvos de ao menos 13 disparos.

Até o momento, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz estão presos acusados de serem os executores do crime. Porém, após quase cinco anos, ainda não há informações sobre o mandante do crime.

Outras cartas

Nas mais de 700 cartas divulgadas nesta sexta é possível perceber a preocupação de outros países com a gestão de Jair Bolsonaro. Costumeiramente, embaixadores eram procurados para explicar as ações do ex-presidente brasileiro.

Em um dos documentos, um embaixador afirma que Bolsonaro defende "compromissos democráticos" ao tentar minimizar os ataques feitos pelo ex-presidente contra as instituições.

Já o embaixador do Brasil na Suiça, Evandro Didonet, foi cobrado sobre as posturas autoritárias de Jair Bolsonaro. Em carta às autoridades suíças, ele garantiu que Bolsonaro tem compromisso com a Constituição e negou que o então presidente usaria a força para se manter no Palácio do Planalto.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!