Uma semana após os atos de terrorismo aos três poderes no Distrito Federal, cenas de violência e depredação registradas por câmeras de segurança do Planalto trazem novos desdobramentos para o caso. Imagens divulgadas pelo programa Fantástico , da TV Globo , flagraram um homem destruindo o raríssimo e histórico relógio de Balthazar Martinot, de valor inestimável, além de mostrar um outro vândalo perfurando a obra "As Mulatas" de Di Cavalcante criada há 60 anos.
Na reprodução, que mostra a destruição do relógio que Dom João VI trouxe para o Brasil em 1808, um homem vestindo uma camisa com o rosto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aproxima-se da mesa, onde está a obra, e puxa o pêndulo raro para o chão. Logo depois, ele arrasta móveis e tenta, por duas vezes, quebrar câmeras que registram as imagens com um extintor de incêndio.
Veja imagem do momento de vandalismo:
Outras imagens mostram a obra "As Mulatas", de Di Cavalcanti, criado há 60 anos, sendo perfurado com uma barra de metal com sete golpes. Assista o momento abaixo:
Após o ocorrido, o Palácio do Planalto informou que os bolsonaristas radicais destruiram obras que estavam no térreo, no primeiro e no segundo andar do prédio.
Veja a lista divulgada:
No andar térreo
Obra “Bandeira do Brasil”, de Jorge Eduardo, de 1995 — a pintura, que reproduz a bandeira nacional hasteada em frente ao palácio e serviu de cenário para pronunciamentos dos presidentes da República, foi encontrada boiando sobre a água que inundou todo o andar, após vândalos abrirem os hidrantes ali instalados.
Galeria dos ex-presidentes — totalmente destruída, com todas as fotografias retiradas da parede, jogadas ao chão e quebradas.
No 2º andar:
O corredor que dá acesso às salas dos ministérios que funcionam no Planalto foi brutalmente vandalizado. Há muitos quadros rasurados ou quebrados, especialmente fotografias. O estado de diversas obras não pôde ainda ser avaliado, pois é necessário aguardar a perícia e a limpeza dos espaços para só daí ter acesso às obras.
No 3º andar:
Obra “As mulatas”, de Di Cavalcanti — a principal peça do Salão Nobre do Palácio do Planalto foi encontrada com sete rasgos, de diferentes tamanho. A obra é uma das mais importantes da produção de Di Cavalcanti. Seu valor está estimado em R$ 8 milhões, mas peças desta magnitude costumam alcançar valores até 5 vezes maior em leilões.
Obra “O Flautista”, de Bruno Jorge — a escultura em bronze foi encontrada completamente destruída, com pedaços espalhados pelo salão. Está avaliado em R$ 250 mil.
Escultura de parede em madeira de Frans Krajcberg — quebrada em diversos pontos. A obra se utiliza de galhos de madeira, que foram quebrados e jogados longe. A peça está estimada em R$ 300 mil.
Mesa de trabalho de Juscelino Kubitscheck — exposta no salão, a mesa foi usada como barricada pelos terroristas. Avaliação do estado geral ainda será feita.
Mesa-vitrine de Sérgio Rodrigues — o móvel abriga as informações do presidente em exercício. Teve o vidro quebrado.
Relógio de Balthazar Martinot — o relógio de pêndulo do Século XVII foi um presente da Corte Francesa para Dom João VI. Martinot era o relojoeiro de Luís XIV. Existem apenas dos relógios deste autor. O outro está exposto no Palácio de Versailles, mas possui a metade do tamanho da peça que foi completamente destruída pelos invasores do Planalto. O valor desta peça é considerado fora de padrão.
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