O presidente Jair Bolsonaro
(PL) tem dito para aliados que conseguiu sair das “cordas” e voltou para o centro do “ringue”. Ele acredita que está mais forte para enfrentar o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) nesta última semana do segundo turno
das
eleições 2022
. Não por acaso quer usar o caso das inserções
para pautar o debate
da Globo
, na próxima sexta-feira (28).
O chefe do executivo federal estava reclamando com aliados de que o PT vinha pautando a imprensa sobre a corrida eleitoral. Na última segunda-feira (24), sua campanha acusou emissoras de rádios de não estarem veiculando propagandas de Bolsonaro.
Apesar da rápida ação do presidente do TSE Alexandre de Moraes , a equipe bolsonarista tem defendido que agiu de maneira rápida para manter o assunto no centro das atenções. Agora o próximo passo é fazer com que o tema paute o debate da Globo e o presidente consiga associar o PT ao suposto boicote.
Na avaliação da campanha, se Bolsonaro colocar em Lula a imagem de que controla a mídia, poderá chegar ao domingo empatado tecnicamente com o petista. Desta forma, o resultado final seria imprevisível. “Nosso objetivo é chegar igual na véspera para dar o fôlego final no domingo”, explica um dos coordenadores da campanha.
O presidente ressaltará que países como Nicarágua e Venezuela controlam os veículos de mídia e que o ex-presidente tem ligações com os líderes desses dois países. Ele ainda ressaltará que o PT defende a regulamentação da mídia. O mandatário classificará o plano como uma tentativa de censura.
A história das inserções é o último ato de Bolsonaro. Sua campanha trata o tema como um verdadeiro “tudo ou nada”.
PT já sabe como se defender
A campanha de Lula já sabe das intenções de Bolsonaro e armou um plano para se esquivar do tema. O ex-presidente acusará o adversário de estar planejando um “tumulto” nas eleições. O objetivo é tratar o mandatário como “autoritário” e defensor de “ditaduras”.
Lula também foi aconselhado a não se deixar pautar. Mudar de assunto e falar de temas que Bolsonaro não sabe responder, como pandemia e educação.
A cúpula petista enxerga a discussão sobre as inserções como “cortina de fumaça” e que Lula não tem domínio do assunto, pois não tem qualquer envolvimento com as acusações feitas pelos bolsonaristas.
“O Lula não tem que responder por algo que não tem qualquer envolvimento. O Alexandre de Moraes e o TSE que resolvam esse assunto com o Bolsonaro”, diz um dos coordenadores da campanha do PT.
O debate da Globo acontecerá na sexta, logo após a exibição do capítulo da novela Travessia. Esse será o último encontro entre os presidenciáveis antes do dia da votação.
Entenda os detalhes do episódio
No começo desta semana, a campanha de Bolsonaro acusou emissoras de rádios de não veicularem inserções do presidente da República. A informação foi dada pelo ministro das Comunicações Fábio Faria em entrevista para os jornalistas.
Os advogados do governante dizem que o caso é “gravíssimo, capaz de efetivamente assentar a ilegitimidade do pleito”. Bolsonaro quer que o TSE suspenda imediatamente a propaganda de rádio do PT.
O ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ordenou que a campanha bolsonarista apresentasse provas da acusação. A equipe de Bolsonaro enviou o documento na noite de terça (25).
No fim da tarde de quarta (26), Moraes indeferiu o pedido do presidente da República para investigar suposto favorecimento a Lula.
Moraes afirmou que o PL levantou a suspeita de fraude às esperas das eleições sem provas concretas. O ministro ressalta que o pedido abandona a petição inicial ao apresentar uma amostragem de apenas oito rádios que teriam deixado de veicular as inserções.
No seu despacho, o magistrado ainda solicitou uma investigação contra a campanha e o PL sobre possível cometimento de crime eleitoral com “finalidade de tumultuar o segundo turno do pleito em sua última semana”.
O presidente do TSE também pediu para que a Corregeria-Geral Eleitoral investigue a possibilidade de desvio de finalidade no uso de recursos do Fundo Partidário.
Ao saber da decisão do ministro, Bolsonaro fez uma coletiva de imprensa na noite de ontem. Ele criticou Moraes e prometeu que irá recorrer, seguindo as regras "das quatro linhas da Constituição".
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