A pedido do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky , os líderes do G7 , grupo que reúne os Estados Unidos e seis das maiores economias do mundo, vão realizar uma reunião de emergência nesta terça-feira para discutir os últimos ataques da Rússia à Ucrânia , informou o governo alemão nesta segunda-feira. A convocação ocorre em meio à preocupação global com a escalada do conflito, ordenada pelo presidente Vladimir Putin em retaliação à explosão que derrubou um trecho da ponte que liga a Península da Crimeia ao território continental russo, no último sábado.
Até mesmo a China e a Índia, que mantêm boas relações com o governo russo, expressaram preocupação após os bombardeios e pediram a contenção do conflito e diálogo entre as partes. Os dois países, que ofereceram algum alívio à Rússia com a compra de seu petróleo, alvo de sanções das potências ocidentais, têm buscado publicamente se distanciar da ofensiva, ainda que sem criticar Putin diretamente.
Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, disse em uma entrevista coletiva que "todos os países merecem respeito a sua soberania e integridade territorial" e que "deve ser dado apoio a todos os esforços que conduzam à resolução pacífica da crise". Já Arindam Bagchi, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia, disse que Nova Délhi está "profundamente preocupada com a escalada do conflito" e oferecerá apoio aos esforços para conter os combates.
Em Berlim, o chanceler alemão, Olaf Scholz, que ocupa a presidência do G7, expressou a Zelensky a "solidariedade da Alemanha e dos outros países do grupo", disse o porta-voz do governo, Steffen Hebestreit. Segundo ele, a conversa nesta terça entre o líder ucraniano e os membros do G7, por videoconferência, terá início às 14h no horário local (9h no horário de Brasília) com um discurso de Zelensky.
"A Alemanha fará tudo ao seu alcance para mobilizar ajuda adicional e, em particular, para ajudar a reparar e restaurar a infraestrutura civil danificada, como o fornecimento de eletricidade e aquecimento", disse Hebestreit.
O Ministério da Defesa alemão prometeu entregar à Ucrânia o primeiro de quatro modernos sistemas de defesa aérea, os mísseis teleguiados IRIS-T, nos "próximos dias". O governo de Berlim, que alterou uma política de longa data de não enviar armas para zonas de conflito após a invasão russa, havia prometido em junho o envio dos equipamentos, projetados para proteger áreas civis maiores de ataques de foguetes.
Zelensky também teve uma conversa "urgente" com o presidente francês, Emmanuel Macron, para discutir "o fortalecimento de nossa defesa aérea", "a necessidade de uma forte reação europeia e internacional" e o "aumento da pressão sobre a Federação Russa", disse ele em uma postagem no Twitter.
Macron, em resposta, expressou "profunda preocupação" e "reafirmou seu total apoio" ao líder ucraniano e o compromisso da França de aumentar a ajuda à Ucrânia, "inclusive com equipamentos militares", informou o Palácio do Eliseu.
"Desespero do Kremlin"
O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou os bombardeios e "está profundamente chocado" com os ataques que "constituem outra escalada inaceitável da guerra", na qual os civis "estão pagando o preço mais alto", disse seu porta-voz, Stephane Dujarric, em comunicado.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) também se manifestou, condenando os "ataques horríveis e indiscriminados à infraestrutura civil" na Ucrânia e reafirmando o apoio da aliança militar ao país. "A Otan continuará apoiando o bravo povo ucraniano na luta contra a agressão do Kremlin pelo tempo que for necessário", acrescentou em nota.
Por sua vez, Peter Stano, um dos porta-vozes do chefe da diplomacia europeia Josep Borrell, afirmou que ataques a instalações civis e não militares em cidades ucranianas são um "crime de guerra" e são "totalmente inaceitáveis". Segundo Stano, ações do tipo vão contra "o direito internacional humanitário e este ataque indiscriminado a civis constitui um crime de guerra".
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, também acusou Moscou de crimes de guerra em um tuíte. "Esses ataques indiscriminados contra civis são crimes de guerra", disse Michel, classificando a ação como um "desespero do Kremlin". O Conselho Europeu reúne os líderes dos 27 países da UE.
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