Lula discursou em comício no Anhangabaú neste sábado
Reprodução/YouTube - 20.08.2022
Lula discursou em comício no Anhangabaú neste sábado

O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu neste sábado (20) o Estado laico e acusou seus opositores de estarem usando igrejas como palanque político.

"A questão religiosa está tão na moda agora. E eu não quero falar de religião. Tem muita fake news. Tem demônio falando de Deus e tem gente honesta chamada de demônio. Tem gente que está fazendo da igreja um palanque político. Eu defendo o Estado laico. O Estado não tem que ter religião. As igrejas não têm que ter partido político", discursou.

Na parte final do discurso, Lula — que está em desvantagem no eleitorado evangélico na comparação com seu adversário, o candidato do PL à reeleição, Jair Bolsonaro — disse que fiéis precisam contestar pastores, caso eles falem mentira.

"Se o pastor estiver falando coisa séria, a gente respeita. Se ele estiver mentindo, a gente tem que enfrentá-lo. Em nome de Deus não se pode contar mentira nem aqui e nem em lugar algum do mundo".

O ex-presidente também chamou, sem menção direta, Bolsonaro de "genocida" novamente. O petista defendeu a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e a comparou com o adversário. "O que é uma pedalada contra as motociatas que esse genocida faz hoje?", questionou.

No segundo comício desde o início da campanha eleitoral, a equipe de Lula escolheu montar um palco no Vale do Anhangabaú, no Centro da capital paulista. Foi nesse endereço que, em abril de 1984, foi organizada uma das maiores manifestações do movimento Diretas Já, pelo fim da ditadura militar e com participação de Lula.

No discurso, Lula deu recados diretos a Bolsonaro e mencionou a possibilidade de o presidente não entregar a faixa caso ele seja eleito em outubro.

"Eu queria dar um recado para o nosso adversário, para o homem lá do Palácio. Se prepare, Bolsonaro. Se prepare. Não tenha preocupação com o Lula. Não tenha preocupação com Alckmin. Nós não vamos fazer nada com você. Quem vai fazer com você, Bolsonaro, é o povo brasileiro que que está com o saco cheio de tanta mentira, injustiça e sofrimento", disse, mencionando a possibilidade de Bolsonaro não entregar a faixa presidencial em caso de derrota. "'Ah, se eu perder não vou entregara faixa'. Vai entregar, sim. Porque é o povo que vai colocar a faixa em nós".

Provocação sobre pesquisas eleitorais

Não faltaram provocações a Bolsonaro no discurso de Lula. O ex-presidente citou o conjunto de medidas do governo conhecido como carteira verde e amarela para atacar o adversário. Também disse que Bolsonaro está "roendo as unhas" a cada nova pesquisa de opinião pública.

"Que o Bolsonaro pegue a carteira verde e amarela dele e enfie onde ele quiser. Nós queremos é carteira assinada. É Minha Casa Minha Vida. Não pensem que estou nervoso. Quem deve estar nervoso é meu adversário. Estes dias fiquei sabendo que, a cada pesquisa, ele começa a roer as unhas. Não tem mais unhas, começou a roer os dedos. Contrata o instituto que quiser, pode contratar. Na hora de apurar as urnas no dia 2 de outubro, vai dar uma vitória do Lula com chuchu", disse.

Lula também comparou a si próprio, o PT e a ex-presidente Dilma a Tiradentes. "Teve muita gente que achou que o Lula estava morto. Eles esquartejaram Tiradentes, mas as ideias libertárias de Tiradentes estão até hoje".

O petista ainda rebateu notícias sobre o PT estar preocupado com a sua voz. Disse que "não precisa falar" para se conectar com os eleitores. A voz de Lula falhou durante o discurso neste sábado.

Antes, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, chamou de "exército" os participantes do comício. Pediu que os apoiadores de Lula, que chegou ao palco vestido com uma jaqueta do Corinthians, se transformem em "agentes da campanha", contribuindo com ações de rua e nas redes sociais. Ao falar das plataformas na internet, citou "os robôs" do presidente Jair Bolsonaro, referindo-se, segundo ela, ao uso por adversários de robôs virtuais para compartilhar informações falsas.

Cinco telões transmitiram imagens do palanque. Também participaram o candidato a vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o candidato do PT a governador de São Paulo, Fernando Haddad, e o candidato do PSB a senador paulista, Márcio França. Novo aliado, especialmente para as redes sociais, André Janones (Avante) também discursou.

O palco para o evento deste sábado foi construído em frente ao Viaduto do Chá. O espaço separado para o comício têm cerca de 260 metros de comprimento por aproximadamente 45 metros de largura — do Viaduto do Chá até a Avenida São João.

Propagandas, imagens e jingles da campanha de Lula, Haddad e Márcio França foram transmitidos nos telões antes do início das falas. Uma bandeira do Brasil de cerca de 50 metros de comprimento e 25 de largura foi esticada durante o hino nacional e a fala de Lula. O ato foi organizado pelo Levante Popular da Juventude. Outro bandeirão, esse vermelho do PT, mas de dimensão similar, diz "o povo acima do lucro".

Assim como no primeiro comício de Lula, realizado em Belo Horizonte (MG), na última quinta-feira (18), o evento foi apresentado pelo jornalista Chico Pinheiro.

O evento começou às 11h, quando os termômetros paulistas registravam 12°C. A entrada do público começou às 8h. Sindicalistas e integrantes de movimentos populares estiveram em peso.

A segurança do evento foi organizada pela Polícia Federal. Foram enviados também 40 bombeiros. A área foi cercada e fechada por placas de metais de cerca de dois metros. Para entrar, era necessário ser revistado.

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