Jair Bolsonaro (PL)
Isac Nóbrega/PR - 07.06.2022
Jair Bolsonaro (PL)

presidente Jair Bolsonaro (PL) evitou responder diretamente se já fez "rachadinha "ao ser questionado sobre o assunto durante entrevista a um canal de YouTube neste sábado. A prática consiste em obrigar os seus funcionários a devolver parte do seu salário. O presidente disse que a "prática é meio comum" em gabinetes de políticos, mas afirmou que não iria falar do seu próprio caso.

Um dos filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), é investigado por essa suspeita. O Ministério Público também investiga um possível esquema de "rachadinha" no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Além disso, como o GLOBO revelou, alguns dos servidores suspeitos de serem fantasmas no gabinete de Flávio e de Carlos também trabalharam para Bolsonaro quando ele era deputado federal.

Bolsonaro falou sobre o assunto durante entrevista neste sábado ao canal Cara a Tapa, no Youtube. Perguntado inicialmente se "sobraria" alguém na política que não cometeu a "rachadinha", o presidente disse:

"Sobra pouca gente".

O entrevistador, então, questionou diretamente se o presidente iria "sobrar".

"Não vou falar de mim. Sou suspeito para falar de mim. Você não tem servidor meu falando que, denunciando".

Perguntado, por fim, se havia "convivido" com a situação, disse que a prática é "meio comum", inclusive em outros Poderes.

"É uma prática meio comum, concordo contigo. É meio comum. Não só no Legislativo, não. Também no Executivo. Até no outro Poder também. Cargo de comissão, você pode colocar quem você bem entender".

Flávio foi denunciado pelo MP

Flávio Bolsonaro passou a ser investigado por "rachadinha" em 2018, após o relatório Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontar movimentações suspeitas na conta bancária do assessor de Flavio na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Fabrício Queiroz.

Em novembro de 2020, as investigações do MP do Rio resultaram na denúncia de Flavio, Queiroz e mais 15 pessoas por crimes como peculato e lavagem de dinheiro, com base em provas como a movimentação financeira dos funcionários do gabinete e uma colaboração de uma ex-funcionária. O senador foi acusado de liderar da organização criminosa.

Para tentar anular as investigações, a defesa do senador apresentou diversos recursos aos tribunais. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) acabou anulando as quebras de sigilo bancário e fiscal determinadas pelo juiz Flávio Itabaiana, sob o entendimento de que ele não fundamentou adequadamente a justificava para autorizar as quebras.

Na sequência, o STF também determinou a anulação de parte dos relatórios do Coaf usados na investigação. A interpretação é de que os documentos foram produzidos de forma ilegal, o que acabou esvaziando as provas da denúncia. Por isso, o MP do Rio entendeu que não é possível o prosseguimento da acusação e que as investigações precisariam ser refeitas.

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