O impasse envolvendo a candidatura à Presidência do coach Pablo Marçal , que nas últimas 24 horas teve seu nome retirado da disputa pelo Pros e, após decisão judicial, voltou a figurar na lista de presidenciáveis, tem como pano de fundo uma briga interna pela presidência da legenda que já dura pelo menos dois anos. No centro da disputa estão o atual presidente do partido, Marcus Holanda, e o fundador da legenda, Eurípedes Júnior, que tenta reaver o comando da sigla, posto do qual foi afastado em março.
Marçal ganhou novo fôlego para a pretensão de disputar o Planalto após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconsiderar uma decisão liminar, proferida na própria Corte, que devolvia a presidência do Pros a Eurípedes Júnior — o dirigente defende que a sigla não tenha candidato e apoie o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na decisão mais recente, o ministro Antônio Carlos Ferreira destaca a necessidade de se esgotar a tramitação do processo no Tribunal de Justiça do Distrito Federal, onde corre a disputa pela liderança do partido, antes de se analisar o caso em uma instância superior.
“A súbita e precária alternância da direção da agremiação partidária — até o julgamento do recurso declaratório —, em momento no qual se realizam convenções para a definição dos candidatos à eleição nacional, é que pode ensejar perigo da demora reverso, recomendando a manutenção dos efeitos do aresto impugnado, conservando a composição do diretório nacional, ainda que em caráter provisório, evitando-se prejuízo às candidaturas aprovadas” escreveu o magistrado.
Após a decisão do STJ favorável a Eurípedes Júnior, no domingo, o dirigente iniciou uma negociação para apoiar Lula — o movimento foi oficializado na quarta, em uma reunião com o coordenador do programa de governo petista, Aloizio Mercadante, e o candidato a vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB). Marçal contestou o anúncio, já que sua candidatura tinha sido aprovada na convenção do partido três dias antes.
Eurípedes foi destituído da presidência do Pros em março, e o comando foi transferido judicialmente para Marcus Vinícius de Holanda. A batalha entre os dois, no entanto, começou ainda em 2020, quando, após denúncias de ilegalidades na condução do partido, o Pros, em convenção, elegeu Holanda presidente e destituiu o outro dirigente. Eurípedes, no entanto, contestou a legitimidade do ato e não deixou o cargo.
Entre os argumentos usados por Eurípedes no pedido de reversão da destituição está o fato de que Marcus Holanda era secretário de comunicação do partido, posto que, neste entendimento, não permitiria que ele conduzisse o processo administrativo que resultou na mudança de comando — com a escolha do próprio Holanda para a chefia da sigla.
Foram, então, ajuizadas duas ações pelas partes que tramitaram até março, quando Holanda conseguiu uma decisão favorável.
Eurípedes é investigado por desvio de bens e recursos do Pros e suspeita de corrupção com verba do Fundo Eleitoral. Holanda chegou ainda a registrar um boletim de ocorrência na Delegacia de Planaltina (GO) acusando Eurípedes de vender máquinas, carros e outros equipamentos do Pros. Os itens seriam avaliados em R$ 50 milhões no total.
Um helicóptero do Pros, comprado com dinheiro público por R$ 2,4 milhões em 2015 — cerca de R$ 5 milhões em valores atuais —, foi localizado em um hangar na zona norte de São Paulo, após desaparecer em meio a investigações sobre uso indevido de recursos do Fundo Partidário.
A aeronave, assim como imóveis e outros veículos, faz parte de uma série de aquisições irregulares do partido durante a gestão de Eurípedes Júnior, segundo apurações do Ministério Público e da Polícia Federal. As investigações apontam ainda que o helicóptero era usado para fins pessoais em deslocamentos de Planaltina (GO), onde o ex-presidente da legenda tem residência, até a sede do partido em Brasília.
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