Após opositores do governo federal criarem uma estratégia para esvaziar a convenção que irá confirmar a candidatura à reeleição do presidente Jair Bolsonaro, o PL alterou as regras para retirada de ingressos do evento, que será realizado no próximo domingo, no Maracanãzinho, no Rio. A ideia é fazer uma espécie de filtragem para garantir que apenas apoiadores de Bolsonaro obtenham de fato os convites.
Na manhã desta terça-feira, opositores de Bolsonaro passaram a incentivar nas redes sociais a retirada de ingressos. A proposta era esgotar todos os convites, para que os partidários de fato do presidente não consigam ir na convenção, marcada para domingo. Uma estratégia semelhante foi realizada em um evento de campanha do então presidente dos Estados Unidos Donald Trump, em 2020.
A retirada de ingresso podia ser feita por qualquer pessoa, pela internet, com a apresentação de alguns dados. Após a deflagração do movimento, o PL passou a exigir também o RG na hora do cadastro. Além disso, integrantes da campanha afirmam que todas as inscrições serão checadas para conferir se o CPF é válido, já que há muitos pedidos sendo feitos com números falsos. Por segurança, o partido também quer fazer checagem nas redes sociais sobre o apoio ou não ao presidente.
O sistema para a retirada ficou sobrecarregado, mas de acordo com integrantes da campanha isso ocorreu tanto pela inscrição de apoiadores quanto pelo motivo de tentativa boicote. Segundo o PL, foram emitidos cerca de 4 mil entradas para acompanhar a convenção, um terço da lotação do Maracanãzinho, que comporta até 11,8 mil pessoas.
Segundo fontes do partido que acompanham a campanha, a ideia é autorizar a entrada de apoiadores no ginásio esportivo mesmo sem o ingresso, até atingir a lotação máxima. Os demais vão poder acompanhar o evento por um telão que ficará na parte externa da arena esportiva.
Convenção
Em uma reunião do núcleo de campanha realizada na terça-feira, foi apresentado o projeto da convenção. Bolsonaro discursará em um palco que terá 180 pessoas. Ministros, parlamentares, governadores e aliados foram orientados a levar suas esposas. Com alta rejeição no eleitorado feminino, a ideia é que Bolsonaro se lance à reeleição cercado de mulheres.
A ideia é que o público compareça vestido com cores da bandeira do Brasil. No local, serão destacadas frases como "Capitão do Povo", "Pelo Bem do Brasil" e "Liberdade e fé."
A proposta é que apenas Bolsonaro faça um discurso. A exceção poderá ser uma fala ou uma oração da primeira-dama Michelle Bolsonaro, que vem sendo cobrada a se engajar na campanha. Porém, ainda há dúvida se isso ocorrerá. Nem o ex-ministro da Defesa, o general Walter Braga Netto, que deverá ser confirmado como vice, deve fazer declarações ao público.
O discurso de Bolsonaro começou a ser rascunhado pela equipe de comunicação da campanha. A proposta será levada ao núcleo político e depois encaminhada ao próprio presidente para que faça suas alterações.
Estrategistas da campanha querem que o titular do Palácio do Planalto foque sua fala em eleitores de baixa renda, mulheres, jovens e faça acenos ao Nordeste, região do país onde tem o pior desempenho. O texto deve enfatizar o Auxílio Brasil e redução no preço do combustível. Bolsonaro, porém, deve também reforçar bandeiras conservadoras de sua base eleitoral, entre eles evangélicos.
O núcleo da campanha tem traçado uma estratégia para o presidente furar a bolha bolsonarista e recuperar eleitores arrependidos, trabalhando em estados estratégicos e com grupos em que enfrenta alta rejeição. A moderação do discurso, segundo aliados de Bolsonaro, seria crucial para esse plano. No entanto, o titular o Palácio do Planalto já deu sinais de que continuará elevando os ataques, sem provas, contra o sistema eleitoral.
Durante o evento que deve confirmar Bolsonaro como candidato do PL, serão exibidos vídeos de Bolsonaro e um clipe com base no jingle "Capitão do Povo", feito pela dupla sertaneja Mateus e Cristiano.
O refrão da música diz que o "capitão do povo" vai "vencer de novo". Exibindo a todo momento a bandeira do Brasil e as cores verde e amarela, o vídeo também ressalta temas caros a Bolsonaro, como sua passagem pelo Exército.
Utilizando imagens do presidente no Santuário Nacional de Aparecida e na Catedral de Brasília, a canção afirma que Bolsonaro "é de Deus" e "defende a família". A primeira-dama Michelle Bolsonaro aparece rapidamente, beijando o marido.
A concepção do vídeo foi do publicitário Sergio Lima, que atua na pré-campanha. A música já havia sido apresentada para Bolsonaro em um evento em São Paulo, no dia 20 de maio.
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